Saúde

Barba mais suja que privada? Especialistas explicam como cuidar dos pelos faciais

Pesquisa mostra que barbudos não têm mais bactérias do que homens sem barba; higienização é o que realmente importa

Redação 7 de agosto de 2025

Foto reprodução internet

A ideia de que as barbas podem ser repletas de bactérias e até mais sujas do que vasos sanitários tem circulado com força nas redes sociais, mas não é exatamente nova. Desde os anos 1960, estudos já sugeriam que microrganismos poderiam permanecer nos pelos faciais mesmo após a lavagem com água e sabão. Mais recentemente, uma reportagem do jornal The Washington Post reacendeu a discussão ao questionar se barbas seriam realmente mais sujas do que privadas. Mas essa comparação tem fundamento?

De acordo com Carla Taddei, professora do Departamento de Microbiologia do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, a afirmação é exagerada e pode ser considerada um mito. Segundo ela, o acúmulo de bactérias em objetos do dia a dia, como celulares e teclados, costuma ser bem maior que em banheiros.

— Às vezes, nos preocupamos tanto com o vaso sanitário que o mantemos mais limpo do que esses outros objetos — diz a professora. — Nossa mão tem bactéria, então mexemos em alguma coisa e depois no celular e carregamos essa microbiota ambiental para o aparelho.

Além disso, Taddei lembra que a pele humana já carrega naturalmente microrganismos, conhecidos como microbiota, que atuam na proteção da pele. “Temos bactérias no corpo todo, principalmente nas mucosas e na pele. Isso é normal”, afirma.

Um estudo de 2014, que analisou mais de 400 profissionais do sexo masculino, concluiu que homens com barba não apresentavam mais bactérias do que aqueles sem pelos faciais. Curiosamente, certos patógenos causadores de infecções de pele eram mais comuns entre os que se barbeavam. A explicação pode estar em pequenos traumas na pele provocados pela lâmina, que facilitariam a entrada desses microrganismos.

Apesar disso, a professora destaca que, sim, barbas podem acumular mais sujeira se não forem devidamente higienizadas.

— Produzimos oleosidade natural, a pele descama e tudo isso pode se acumular na barba junto com partículas do ambiente. Isso favorece a presença de bactérias, mas não necessariamente representa um problema — explica. — Vai depender das condições que a pessoa trata essa barba.

Cuidados com a barba: limpeza é fundamental

Para manter os pelos faciais saudáveis, a recomendação é simples: incluir a barba na rotina de cuidados com a pele. A lavagem deve ser feita diariamente com sabonete apropriado, de preferência aquele que respeita o tipo de pele da pessoa — oleosa ou seca.

Quem tem barba mais comprida deve redobrar os cuidados, especialmente após as refeições, para evitar acúmulo de restos de alimentos. Se desejar, é possível usar condicionadores de barba ou hidratantes, mas não é obrigatório, segundo a Academia Americana de Dermatologia.

Outro ponto importante é evitar tocar a barba com as mãos sujas, prática comum e muitas vezes inconsciente. Lavar bem as mãos com água e sabão continua sendo uma das maneiras mais eficazes de evitar a contaminação dos pelos faciais.

Portanto, ao contrário do que circula na internet, a barba não é uma vilã da higiene pessoal. Com cuidados simples e regulares, ela pode ser mantida limpa e saudável — sem precisar ser comparada a um vaso sanitário.