
Brasília voltou a ser palco de tensão política nesta sexta-feira, 25, quando o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, determinou a imediata retirada de deputados bolsonaristas que decidiram acampar em frente à sede do STF. Atendendo a um pedido da Procuradoria Geral da República, Moraes foi direto: se não saírem, serão presos.
O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, foi intimado pessoalmente para cumprir a decisão. “Vamos tentar tirar pacificamente. Se não saírem, serão presos”, disse ele ao Estadão, enquanto mobilizava as forças de segurança locais. A Praça, considerada área de segurança institucional, foi interditada para veículos pela PM.
A ordem foi clara e dura: a Polícia Federal e a Polícia Militar do DF foram notificadas para remover imediatamente os parlamentares Hélio Lopes (PL-RJ), Sóstenes Cavalcante (PL-AL), Cabo Gilberto Silva (PL-PB), Coronel Chrisóstomo (PL-RO) e Rodrigo da Zaeli (PL-MT). Caso resistissem, poderiam ser presos em flagrante por desobediência.
A primeira barraca foi armada por Hélio Lopes, que chegou sozinho, com esparadrapo na boca, em protesto contra as restrições judiciais ao ex-presidente Jair Bolsonaro. O gesto atraiu apoiadores e outros parlamentares. Mas o que começou como um protesto silencioso virou caso de segurança nacional.
Após a primeira decisão, Moraes ainda ampliou a proibição: nenhuma nova barraca poderá ser instalada num raio de 1 km da Praça dos Três Poderes, Esplanada dos Ministérios e até mesmo de quartéis militares. O objetivo? Prevenir “novos eventos criminosos semelhantes aos atos golpistas de 8 de Janeiro”.
Durante a negociação para a retirada, o desembargador aposentado e bolsonarista Sebastião Coelho tentou intermediar com o governador. Ibaneis, visivelmente desconfortável, desabafou: “Eu não concordo com as coisas que estão acontecendo, Sebastião”.
Mesmo recuando e desmontando as barracas, os deputados foram surpreendidos com a nova ordem que fechava qualquer brecha para instalar protestos similares. A movimentação foi considerada um alerta grave pelas autoridades locais, que temem repetição dos episódios que marcaram o 8 de Janeiro.
“Queremos liberdade para Bolsonaro e a votação do PL da anistia. É tudo que queremos”, declarou o deputado Coronel Chrisóstomo após deixar a Praça.
Mas para Moraes, manifestação com cheiro de golpe tem limite – e agora, distância mínima de 1 km.