
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), endureceu ainda mais as medidas contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e deixou claro, em novo despacho, que qualquer tentativa de driblar a proibição de uso das redes sociais — mesmo que por meio de terceiros — poderá resultar em prisão imediata.
Segundo Moraes, a ordem judicial inclui “transmissões, retransmissões ou veiculação de áudios, vídeos ou transcrições de entrevistas em qualquer das plataformas de redes sociais de terceiros”. Em outras palavras, até mesmo falas reproduzidas por aliados, veículos ou simpatizantes configuram descumprimento da medida.
“A utilização de terceiros para divulgar conteúdo viola a decisão e poderá levar à revogação das cautelares e decretação da prisão”, escreveu o ministro, que classificou a postura de Bolsonaro como “ousadia criminosa”.
Nem entrevistas permitidas
O recado foi dado após o ex-presidente continuar se manifestando publicamente, ainda que por meio de entrevistas e discursos republicados por páginas que o apoiam. A decisão, publicada nesta segunda-feira (21), deixa claro que nem mesmo falas em ambientes jornalísticos podem ser reproduzidas nas redes.
A proibição está inserida no contexto do inquérito que investiga a suposta articulação de um golpe de Estado para impedir a posse do presidente Lula (PT), e também a atuação internacional de Bolsonaro e do filho Eduardo Bolsonaro (PL-SP) para pressionar instituições brasileiras.
Eduardo na mira
Eduardo Bolsonaro tem ganhado protagonismo nas apurações. Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), o deputado agiu nos bastidores, diretamente dos Estados Unidos, para estimular ações contra o STF e a democracia brasileira. Ele é apontado como articulador de contatos com integrantes da política norte-americana e da extrema-direita internacional.
O próprio Eduardo admitiu envolvimento nas conversas que levaram à criação de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros pelo governo americano. Jair Bolsonaro, por sua vez, associou publicamente o eventual fim dessas tarifas a uma possível anistia para si — o que, para Moraes, extrapola o debate político e atinge diretamente a soberania nacional.
Tornozeleira e isolamento
Bolsonaro também passou a usar tornozeleira eletrônica na última sexta-feira (18), por ordem do STF, após pedido da PGR. A medida foi justificada como necessária para evitar uma possível fuga do país.
Além da tornozeleira e do veto às redes sociais, o ex-presidente está proibido de manter contato com outros investigados, diplomatas e embaixadas. Segundo Moraes, o objetivo é impedir novas articulações políticas e internacionais que possam comprometer as instituições brasileiras.
Com o cerco se fechando, a estratégia de Bolsonaro parece cada vez mais limitada — e qualquer deslize pode custar caro.