
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o Brasil enfrenta um déficit crônico nas contas públicas desde 2014. A declaração foi feita em entrevista ao podcast 3 Irmãos, na qual ele destacou que não se trata de um problema pontual, mas de uma condição estrutural que atravessa diferentes governos.
Situação fiscal
Segundo Haddad, a ideia de simplesmente “liberar os gastos” para resolver o desequilíbrio orçamentário é superficial. Para ele, é necessário levar em conta a complexidade das contas públicas e o contexto em que as medidas são aplicadas.
Reforma tributária
Entre as propostas em andamento, o ministro destacou mudanças no sistema tributário para tornar a cobrança mais progressiva. A ideia é isentar do Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil mensais e tributar em 10% os 140 mil contribuintes de alta renda que atualmente não pagam IR. Haddad argumenta que a medida poderia funcionar como uma espécie de “14º salário” para parte da população.
Setores estratégicos e inovação
O ministro também apontou o potencial dos ativos naturais brasileiros, como minerais estratégicos e terras raras, para atrair investimentos internacionais. A proposta é criar incentivos fiscais para projetos que gerem insumos de maior valor agregado, como lítio e cobalto processados no país.
No campo da tecnologia, Haddad chamou a atenção para o fato de mais de 60% dos dados brasileiros serem processados fora do país. O governo, segundo ele, pretende ampliar os investimentos em data centers nacionais, com o regime especial Redata, para fortalecer a soberania digital.
Inflação e política monetária
Outro ponto levantado foi a adoção da chamada meta contínua de inflação, modelo que substituiu o sistema baseado em ano-calendário. Haddad explicou que a nova metodologia dá mais flexibilidade ao Banco Central, sem amarras rígidas de tempo para o cumprimento da meta.
Trabalho e qualidade de vida
Haddad também defendeu mudanças na relação entre trabalho e vida pessoal. Ele sugeriu que as pessoas possam trabalhar mais tempo ao longo da vida, mas com menos dias por semana, buscando equilíbrio e bem-estar. “O trabalho não pode consumir as pessoas como consome hoje”, afirmou.