
Mensagens obtidas pela Polícia Federal mostram que membros do suposto “Comando C4” — organização clandestina investigada por planejar assassinatos de autoridades — chegaram a discutir o design de um logotipo com caveira em alto relevo, símbolo da sigla que significa “Comando de Caça a Comunistas, Corruptos e Criminosos”.
A Polícia Federal revelou que integrantes do suposto grupo de matadores “Comando C4” utilizaram o WhatsApp para debater a criação de um logotipo oficial, com caveira estilizada e referências à perseguição de alvos políticos. O material faz parte da investigação que apura venda de decisões judiciais e formação de milícia política.
Segundo a PF, as conversas aconteceram em novembro de 2023 entre Hedilerson Barbosa e Elenilson Fialho, dois dos investigados. As mensagens incluem sugestões de design gráfico e detalhes sobre a aprovação da arte por um suposto “coronel Caçadini”, apontado como liderança do grupo.
“C4. Caveira”, escreveu Hedilerson em uma das primeiras mensagens, sugerindo o símbolo da facção. Em seguida, ele elenca os inimigos do grupo: “Caça, Bandido, Comunista, Corrupto”.
Na sequência, Hedilerson envia áudios orientando ajustes: pedindo, por exemplo, o termo “Comunistas” no plural, a inserção de alto relevo preto no crânio, e contornos dourados sombreados.
O grupo ainda trocou mensagens sobre o tamanho da sigla “C4” no centro da imagem e chegou a validar o modelo com um suposto contato militar. “Ok meu amigo, fechado”, teria dito o coronel ao aprovar a versão final do emblema.
Suposta milícia digital e execução de alvos
As investigações indicam que o Comando C4 teria monitorado autoridades e planejado assassinatos políticos por motivação ideológica e econômica. A PF trata o grupo como uma possível milícia armada que atua nas sombras de esquemas de corrupção, utilizando símbolos e linguagens típicas de grupos paramilitares.
A existência de uma logo própria levanta o grau de organização da célula, que buscava dar identidade visual e coesão simbólica ao grupo. A caveira, símbolo recorrente em esquadrões militares e operações especiais, teria sido adaptada para um escopo de atuação fora da lei.
Em andamento
A operação que apura o caso ainda está em curso e novos desdobramentos podem reforçar as conexões entre os investigados e outros crimes sob investigação, como tráfico de influência, corrupção e homicídios planejados. A Polícia Federal não descarta o envolvimento de agentes públicos e políticos nos bastidores do grupo.
Inf. Metrópoles