Os Estados Unidos removeram a tarifa adicional de 40% aplicada ao café brasileiro, medida válida para cargas desembarcadas a partir de 13 de novembro. A decisão ocorre uma semana após o fim de outra tarifa de 10% sobre mais de 200 produtos alimentícios, incluindo o café, e restabelece as condições normais do fluxo comercial entre os dois países.
A remoção das barreiras foi recebida como alívio por exportadores brasileiros e pela indústria norte-americana, que enfrentavam aumento de custos e perda de competitividade. Para Gil Barabach, consultor da Safras & Mercado, a reversão deve estimular embarques e recompor o ritmo de negócios entre Brasil e Estados Unidos.
Mesmo com o impacto positivo para o comércio exterior, o anúncio provocou forte reação negativa nas bolsas internacionais. Às 11h30 (horário de Brasília), nesta sexta-feira (21), o café arábica para março registrava queda de 5,4% na Bolsa de Nova York, cotado a 356,25 centavos de dólar por libra-peso. Em Londres, o robusta caía 4,3%, a US$ 4.433 por tonelada no contrato de janeiro.
Barabach explica que o mercado abriu um “gap” de baixa com o contrato março/26 recuando de 380 para 360 centavos, perdendo médias móveis e aproximando-se do nível de retração de Fibonacci, sinalizando tendência de baixa no curto e médio prazo. “A suspensão das tarifas, somada à rolagem dos futuros, eliminou incertezas e pressionou os preços”, disse.
Analistas avaliam que o movimento reflete um ajuste natural após meses de volatilidade. Desde a imposição das tarifas, as cotações vinham subindo de forma acelerada diante do temor de escassez para o maior consumidor mundial de café. Com a normalização das regras comerciais, o mercado volta a se equilibrar entre oferta e demanda.
Cecafé e articulação internacional
O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) celebrou a decisão norte-americana, que revoga tarifas aplicadas no governo Donald Trump por meio da modificação da Ordem Executiva 14.323, publicada em 30 de julho de 2025. A entidade, que reúne mais de 120 associados e responde por 97% das exportações brasileiras de café, destacou o trabalho conjunto entre os governos do Brasil e dos EUA, além da National Coffee Association (NCA) e da indústria torrefadora americana.
“A reversão é resultado de meses de diálogo e articulação estratégica, que devolveram competitividade ao café brasileiro”, informou o Cecafé.
A entidade ressalta, porém, que o café solúvel permanece fora da lista de isenções tarifárias. As negociações seguem com o objetivo de ampliar o benefício a toda a cadeia produtiva. “O avanço nas relações bilaterais é essencial para garantir isenção completa e estabilidade ao setor”, complementou o conselho.
BSCA comemora retificação no mercado
A Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) também destacou o impacto da decisão, que elimina tanto a tarifa-base de 10% quanto o adicional de 40% sobre cafés especiais brasileiros exportados aos Estados Unidos.
Segundo a entidade, a medida corrige uma distorção nas relações comerciais entre o maior consumidor global de café e o maior produtor e exportador do mundo. “A retirada das tarifas restabelece a lógica comercial e reforça a parceria estratégica entre Brasil e Estados Unidos no setor cafeeiro”, afirmou a BSCA.
