
A Polícia Civil de Mato Grosso concluiu, na última sexta-feira (9), a primeira etapa do inquérito que apura o assassinato do advogado Renato Nery, de 72 anos, morto a tiros no dia 5 de julho de 2024, em frente ao próprio escritório, na avenida Fernando Corrêa da Costa, em Cuiabá.
Conduzida pela Delegacia Especializada de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), a investigação apontou o envolvimento direto de um policial militar e de um caseiro de uma chácara em Várzea Grande na execução do crime, motivado por uma disputa de terras. Ambos foram indiciados por homicídio qualificado, por promessa de recompensa e por recurso que impossibilitou a defesa da vítima.
Crime Premeditado
Segundo o inquérito, o crime foi arquitetado por um casal de Primavera do Leste, identificado como mandante da execução. A dupla teve a prisão temporária decretada e as ordens judiciais foram cumpridas na última semana.
De acordo com as investigações, o policial militar atuou como intermediário, providenciando a arma usada no crime e repassando-a ao caseiro. Este, por sua vez, pilotou uma motocicleta até o local e efetuou os disparos contra o advogado.
As diligências da DHPP comprovaram que a vítima vinha sendo monitorada pelos suspeitos nos dias anteriores ao crime. No dia 4 de julho, o caseiro chegou a ir até o escritório da vítima no mesmo horário e local do atentado consumado no dia seguinte, mas o crime não se concretizou por circunstâncias ainda desconhecidas.
Rastreio e Prisões
Após o homicídio, o executor fugiu até uma chácara no bairro Capão Grande, em Várzea Grande, trajeto que foi inteiramente registrado por câmeras de segurança. Com base nessas imagens, a DHPP conseguiu localizar a motocicleta e chegou aos envolvidos.
O delegado Bruno Abreu, responsável pelo inquérito, explicou que o cerco policial na região levou os suspeitos a tentar ocultar a arma do crime, o que acabou gerando um confronto forjado por policiais militares, ocorrido em 11 de julho, onde a arma usada no homicídio foi plantada na cena para incriminar outras pessoas.
Envolvimento de Policiais
Outro inquérito paralelo investigou a conduta de quatro policiais militares envolvidos nessa suposta ocorrência, concluindo que as armas apresentadas na ocasião foram inseridas na cena do crime após o confronto. Os militares foram indiciados por ocultação e tentativa de obstrução da apuração do homicídio.
Até o momento, não há indícios de participação desses policiais na execução de Renato Nery, mas as investigações continuam para apurar eventuais envolvimentos.
Continuidade das Investigações
A DHPP instaurou novo inquérito para identificar quem realizou o pagamento aos executores e rastrear o percurso da arma usada no assassinato, além de investigar outros possíveis intermediários.
O casal apontado como mandante teve condutas distintas diante da polícia: a mulher aceitou colaborar e prestará depoimento, enquanto o homem permanece em silêncio e nega envolvimento.
Renato Nery chegou a ser socorrido e passou por cirurgia em um hospital privado da capital, mas não resistiu aos ferimentos. Ele tinha 72 anos e era figura conhecida no meio jurídico de Mato Grosso.