
Noemi Daniel, mãe da estudante de enfermagem Gabrielli Daniel de Moraes, de 31 anos, assassinada no último dia 25 de maio pelo marido, o policial militar Ricker Maximiano de Moraes, de 33 anos, conquistou na Justiça a guarda provisória dos dois netos, de 5 e 3 anos. A decisão, válida por 180 dias, foi proferida pelo juiz Ricardo Alexandre Riccielli Sobrinho, da 4ª Vara Especializada de Família e Sucessões do Fórum de Cuiabá.
Ao deixar o Fórum nesta terça-feira (3), Noemi afirmou que essa foi a primeira batalha vencida e que a próxima será garantir a condenação do assassino da filha. Disse ainda que acredita que Gabrielli ficaria feliz com a decisão, pois ela não queria que os filhos continuassem no ambiente em que estavam após o crime.
Segundo as advogadas Vívian Arruda Pedroni e Larissa Laura Ferreira Pereira Leite, representantes da família de Gabrielli, os parentes de Ricker também pediram a guarda das crianças, mas a Justiça decidiu em favor da avó materna. As crianças já estão com Noemi, que pretende levá-las ao Pará, onde vive a família da mãe.

As defensoras afirmaram que Cuiabá não é o ambiente adequado para que os menores permaneçam neste momento, uma vez que é o epicentro da tragédia que atingiu suas vidas. Ressaltaram que a mãe foi sepultada no Pará e que os filhos sequer puderam participar do velório. A família materna ainda enfrentou obstáculos para manter contato com as crianças.
Segundo o relato das advogadas, os parentes paternos chegaram a mentir para os menores, dizendo que a mãe estava apenas viajando. Um dos meninos teria comentado com a avó que visitou o pai recentemente. A visita, segundo apuração da família, ocorreu na sede do Batalhão de Operações Especiais (Bope), onde Ricker está detido. O fato causou revolta, já que, até então, os pequenos não tinham tido a oportunidade de se despedir da mãe.
As defensoras destacaram ainda que o pedido de guarda da família materna era mais consistente por conta do vínculo afetivo e da capacidade de acolhimento. Criticaram também a conduta da família paterna, que levou as crianças para ver o pai preso, mas impediu que se despedissem da mãe no enterro.
Outro ponto que preocupa os familiares é o pedido da defesa de Ricker para revogar a prisão preventiva, sob alegação de distúrbios psicológicos. As advogadas classificaram a justificativa como falaciosa e incoerente, afirmando que ele se apresentou voluntariamente ao batalhão após o crime, o que não condiz com um surto psicótico. Relataram que Ricker estava fardado, levou os filhos para dentro do carro, deixou as crianças com os pais, entregou a arma, trocou de carro com a irmã e depois se apresentou às autoridades — comportamento que, segundo elas, demonstra total lucidez.
A deputada Gisela Simona (União), que acompanha o caso, informou que está em contato com o comando-geral da Polícia Militar para esclarecer a situação em que o acusado foi flagrado sendo conduzido por outro policial, mas sem o uso de algemas.
O Caso
O policial militar Ricker Maximiano de Moraes, 35 anos, foi preso em flagrante na madrugada do dia 26 de maio, suspeito de assassinar a esposa Gabrieli Daniel Sousa de Moraes, de 31 anos, a tiros no dia anterior, no Bairro Praeirinho, em Cuiabá.
Segundo a Polícia Civil, Gabrieli foi morta com três disparos de arma de fogo e foi encontrada caída na cozinha da casa do casal, onde o crime ocorreu.
Moradores da região relataram à polícia que não ouviram nenhuma discussão, mas ouviram disparos de arma de fogo, que, a principio, acreditaram se tratar de fogos de artifício.
Após o crime, o suspeito deixou os filhos do casal na casa dos avós paternos pelo e logo em seguida fugiu do local. O delegado responsável pelo caso, Edson Pick, informou que ele se apresentou à polícia e que permaneceu em silêncio durante depoimento.