A madrugada no Aeroporto de Guarulhos seguia sua rotina comum, com passageiros circulando pelos corredores e anúncios ecoando nas salas de embarque, quando Daniel Vorcaro recebeu voz de prisão. A cena, rapidamente replicada nas redes e nos noticiários, dominou a narrativa pública nas horas seguintes.
Enquanto a imagem da detenção ganhava repercussão, um documento oficial que poderia alterar significativamente a compreensão do caso já estava registrado no Banco Central, mas quase não foi mencionado. Conforme apuração de O Bastidor, o BRB enviou ao órgão regulador, em 8 de julho, um ofício informando que a carteira de crédito de R$ 12,77 bilhões adquirida do Banco Master ponto central da operação policial havia sido integralmente substituída antes da deflagração da ação.

O documento relata a regularização completa, com risco mitigado e ausência de prejuízo ao sistema financeiro, indicando que a exposição bilionária estava tecnicamente encerrada. Apesar disso, a operação tratou a carteira como se ainda representasse risco ativo, ignorando a comunicação formal já encaminhada ao Banco Central.
A liquidação extrajudicial anunciada após a prisão reforçou a percepção de urgência, mas os registros oficiais mostram um cenário distinto: o suposto problema central já havia sido solucionado previamente. A divergência entre os fatos documentados e a narrativa apresentada ao público resultou em duas versões paralelas a que ganhou espaço nas reportagens e a que está descrita nos documentos oficiais.
