
A Fundação Mato Grosso deu início à 17ª edição do Encontro Técnico de Algodão, em Cuiabá (MT), com o tema central “Inovação no Campo, Fibra que Transforma”. O evento reúne, até a próxima quinta-feira (04), produtores, pesquisadores e especialistas na cadeia produtiva de pluma, que discutem os avanços científicos, resultados de pesquisas, indicações de manejo e perspectivas de mercado. No primeiro dia do evento, foram registrados mais de 480 participantes, nos formatos presencial e virtual, ampliando ainda mais o alcance e a relevância das informações produzidas por pesquisadores da Fundação MT e convidados.
A abertura foi marcada pela fala do diretor-presidente da Fundação MT, Romão Viana, que homenageou um dos fundadores da instituição, presente na plateia: o empresário e produtor rural Gilberto Goellner. “Para nós é uma honra receber aqui um dos fundadores da Fundação Mato Grosso, em mais essa edição do Encontro Técnico de Algodão”, afirmou.
Segundo o Gerente de Pesquisa, Serviços e Operações da Fundação MT, Luiz Carlos de Oliveira, o Encontro Técnico já é referência no setor algodoeiro, pois apresenta resultados da safra atual e comparativos com safras anteriores, contribuindo para o planejamento da próxima. “A programação é pensada a partir dos principais desafios enfrentados pelo produtor, com painéis técnicos que abrangem entomologia, plantas daninhas, doenças e nematologia, além de discussões sobre economia e mercado. Outro ponto é que o evento abre espaço para muita troca de experiências”, destacou.
Neste primeiro dia, especialistas com experiências e conhecimentos globais trouxeram diversas análises ao público. Entre eles, Francisco Jardim, cofundador e diretor administrativo da SP Ventures, que ressaltou a importância da ciência e do conhecimento para sustentar um mercado consumidor robusto e qualificado. Ele lembrou que Mato Grosso responde por mais de 70% da produção nacional de pluma de algodão, segundo dados da Associação Nacional de Produtores de Algodão (Abrapa).
“Mato Grosso tem avançado de forma significativa em pesquisa. A Fundação MT é um exemplo notável: uma organização privada, sem fins lucrativos, que produz ciência de ponta, dialoga com o setor produtivo e nasceu com forte cultura empreendedora”, afirmou Jardim.
Ele também destacou que a vocação de Mato Grosso para a produção de grãos coloca o estado em posição privilegiada para atrair investimentos em inovação. Segundo ele, a cadeia agroindustrial mato-grossense é composta por produtores altamente profissionais e setores de grande valor agregado, com rastreabilidade e uso de insumos biológicos.
“Hoje, somos os maiores investidores em biológicos no Brasil, com foco no combate a pragas como bicudo e nematoides, o que demonstra o potencial de expansão desse mercado”, completou.
O economista, diplomata e ex-presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (Banco do BRICS), Marcos Troyjo, reforçou o protagonismo do estado no comércio internacional. Para ele, o alinhamento entre governos locais, a excelência em diferentes cadeias produtivas e a crescente inserção global tornam Mato Grosso peça-chave para que o Brasil siga líder nas exportações da fibra.
“O futuro será definido pela capacidade de agregar valor à produção e investir em infraestrutura. A demanda externa deve permanecer aquecida e Mato Grosso continuará sendo um fornecedor confiável. No curto prazo, os desafios estão ligados ao custo elevado do crédito e ao cenário macroeconômico nacional. Mas, no longo prazo, Mato Grosso tem um horizonte extremamente promissor”, avaliou Troyjo.
Abrindo a programação técnica, o primeiro painel abordou o “Manejo Integrado de Pragas em Cenário de Resistência”. A pesquisadora Mariana Ortega, da área de Entomologia da Fundação MT, apresentou dados sobre a ocorrência da lagarta Spodoptera frugiperda no sistema soja-algodão, destacando principalmente a importância de identificar o inseto em fases iniciais de vida, para um controle mais ágil. O pesquisador Guilherme Rolim trouxe informações sobre a “suscetibilidade do bicudo-do-algodoeiro aos inseticidas”, enquanto os doutores Paulo Souza e José Silvestre explicaram o novo modelo de gestão experimental da Fundação Mato Grosso.
Ampla programação sobre a cotonicultura
A programação do 17º Encontro Técnico de Algodão segue até quinta-feira (04), com painéis que vão discutir desde a retrospectiva da safra 2024/25 e relatos de altas produtividades, até estratégias de manejo, uso de potássio em diferentes tipos de solo e métodos de controle de nematoides, plantas daninhas e doenças. O evento será encerrado reafirmando o papel de Mato Grosso como referência em inovação e produção sustentável de algodão, com uma palestra do PhD Marcos Fava Neves, que abordará o futuro do agro e da produção de algodão.
Informações: www.fundacaomt.com.br