
A Delegacia Especializada de Defesa do Consumidor (Decon), em conjunto com a Vigilância Sanitária Municipal de Cuiabá, interditou, nesta segunda-feira (22), pela terceira vez, uma clínica de estética localizada no bairro Jardim Petrópolis. A ação resultou na apreensão de materiais e medicamentos que colocavam em risco a saúde dos pacientes.
Durante a fiscalização, policiais civis e fiscais encontraram um armário e uma gaveta com fundos falsos, onde estavam escondidos um cilindro de ozônio e equipamentos utilizados em procedimentos estéticos. Também foram localizados diversos tubos com sangue de uma paciente, possivelmente destinados a reinjeção.

Nos fundos da clínica, em um cômodo isolado, foram apreendidos um frasco de Benzetacil e uma caixa com 100 unidades do antibiótico Ceftriaxona, sendo que 84 ainda estavam fechadas. A suspeita é de que a fisioterapeuta responsável aplicava os medicamentos diretamente em pacientes, prática restrita a médicos.

A Vigilância Sanitária determinou a interdição total do estabelecimento, enquanto a Decon prossegue com as investigações. A proprietária será intimada novamente para prestar esclarecimentos no inquérito que apura exercício ilegal da medicina.
Reincidência e riscos aos pacientes
Em março deste ano, na primeira interdição, fiscais já haviam encontrado uma geladeira cheia de tubos com sangue coletado de pacientes, sem identificação, utilizados em procedimentos de Plasma Rico em Plaquetas (PRP). O PRP envolve coleta, processamento e reinjeção do sangue do paciente com fins de regeneração tecidual, exigindo protocolos rigorosos de biossegurança e profissionais habilitados — condições que não eram cumpridas na clínica.
Desinformação
No início de setembro, após outras duas interdições, a responsável pela clínica divulgou vídeo em redes sociais mostrando documentos e afirmando ter autorização para funcionamento, ao mesmo tempo em que alertava a população sobre os riscos de procedimentos em estabelecimentos irregulares.
O delegado titular da Decon, Rogério Ferreira, reforça os perigos de procedimentos invasivos realizados por profissionais não habilitados.
“Aplicações de substâncias para fins estéticos, ou o uso de subprodutos de sangue por profissionais não habilitados, expõem os pacientes a sérios riscos, como trombose, embolia, necrose e infecções. Além disso, há possibilidade de contaminação por HIV, hepatites e outras doenças infectocontagiosas”, alertou.
A Polícia Civil orienta que a população procure sempre clínicas regularizadas e desconfie de estabelecimentos que oferecem procedimentos invasivos sem autorização da Vigilância Sanitária.