Uma operação do Departamento de Investigação sobre Entorpecentes (Denarc) revelou cerca de 40 quilos de “cocaína negra” dentro de uma mansão no bairro nobre de Ponta Negra, em Manaus. A droga, quimicamente alterada para não ser detectada por cães farejadores e testes rápidos, estava escondida em fundos falsos de móveis e quadros.
A residência, equipada com campo de futebol e heliporto, servia como base para armazenar e distribuir entorpecentes, segundo o delegado Rodrigo Torres. Na primeira abordagem, em 17 de outubro, os agentes encontraram 16 quilos de cocaína branca e um caderno com anotações que indicavam a existência de “40 quilos dentro de cadeiras e quadros”.

Mesmo com o uso de cães farejadores, nada foi localizado de imediato. A análise manual dos agentes permitiu identificar os compartimentos secretos. Embora os testes preliminares não tenham reagido, exames laboratoriais confirmaram que se tratava de cocaína. A perita Midori Hiraoka explicou que traficantes misturam carvão ativado e corantes ao composto, mascarando aromas e inibindo reações químicas.
De acordo com o delegado-geral Bruno Fraga, a droga — mais cara e difícil de identificar — veio do Peru e tinha como provável destino a Austrália. A rota utilizada é a do rio Solimões, principal corredor de entrada de entorpecentes no Brasil a partir da tríplice fronteira. O Amazonas registrou 43,2 toneladas de drogas apreendidas em 2024, o maior volume da série histórica.
Na mansão, foram presos os caseiros peruanos German Alonso Pires Rodrigues e Jeyme Farias Batalha, funcionários da proprietária Liege Aurora Pinto da Cruz, de 74 anos, também peruana. A defesa do casal pediu novo depoimento. Já Liege afirmou, por nota, que está colaborando com as investigações e que o local onde a droga foi encontrada é um anexo usado pelo caseiro.
