
O Comandante Geral da Polícia Militar de Mato Grosso, Coronel Fernando Tinoco, se posicionou contra a instalação de câmeras nas fardas dos policiais, alegando que a medida poderia gerar desmotivação no setor da segurança pública. O debate sobre o tema, que ganhou força no ano passado, voltou à tona após a Polícia Civil identificar cinco policiais militares envolvidos no assassinato do advogado Renato Nery, ocorrido em julho.
“Como comandante-geral, sou contra a utilização das câmeras e acredito que esse assunto precisa ser mais estudado e debatido, especialmente com os profissionais da segurança pública. Isso pode causar desmotivação”, afirmou Tinoco.
O Comandante ressaltou a importância de realizar uma pesquisa com os policiais antes de qualquer mudança. Ele questionou a necessidade de se adotar a tecnologia, perguntando se a medida realmente contribuiria para a segurança ou se traria desânimo aos profissionais que nunca cometeram erros. “E o policial que nunca cometeu erro? Já foi feita alguma pesquisa para saber se os profissionais entendem a necessidade de câmeras? Isso é realmente necessário?”, questionou Tinoco.
Enquanto isso, o Congresso Nacional discute o projeto de lei 3295/2024, de autoria da deputada federal Erika Kokay (PT-DF), que propõe o uso de câmeras corporais pelos policiais em todo o Brasil. Ela cita a eficácia da medida em mais de 25 países, além de estados brasileiros como Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina, que já adotam a tecnologia.
No entanto, Tinoco argumenta que, antes de aprovar propostas como essa, é fundamental considerar o trabalho de boa parte dos policiais que se dedicam a proteger a população. Ele citou o sucesso da Operação Tolerância Zero, que, desde seu lançamento em novembro do ano passado, reduziu os homicídios em 26% em Mato Grosso.
O Comandante também comentou sobre o caso dos cinco policiais militares envolvidos no assassinato de Renato Nery. A corregedoria da PM está tomando as providências cabíveis. Os policiais identificados como Heron Teixeira Pena Vieira, Wailson Alessandro Medeiros Ramos, Wekcerlley Benevides de Oliveira, Jorge Rodrigo Martins e Leandro Cardoso já estão presos. Leandro e Heron, além de serem envolvidos no assassinato de Nery, foram denunciados por forjar confrontos e matar 23 suspeitos durante a Operação Simulacrum, deflagrada em 2022.