O processo de recuperação judicial do empresário José Pupin, conhecido como “Rei do Algodão”, ganhou contornos ainda mais graves após o comitê de credores apresentar um relatório revelando indícios de fraudes milionárias. Segundo o documento, aproximadamente R$ 1 bilhão pode ter sido desviado por meio de uma empresa fantasma ligada à família Pupin, utilizada para movimentar recursos sem transparência e fora do controle do processo.
De acordo com o comitê, a empresa foi usada para receber e movimentar valores de forma irregular, sugerindo um esquema organizado para ocultar ativos ou mascarar a real situação financeira das empresas que estão sob recuperação judicial. O relatório também aponta que os demonstrativos contábeis apresentados por Pupin possivelmente não refletem o verdadeiro cenário patrimonial, comprometendo a avaliação econômica e jurídica da recuperação em andamento.
Credores afirmam que, se comprovadas, as fraudes colocam em dúvida a viabilidade do plano aprovado e revelam que parte relevante dos valores poderia estar sendo desviada em prejuízo direto daqueles que aguardam pagamento. A desconfiança é reforçada pelo histórico recente: Pupin já se tornou alvo de novo pedido de falência por descumprimento de obrigações do plano, acumulando atraso no pagamento de dívidas renegociadas.
Com base no relatório, o comitê prepara pedidos de aprofundamento das investigações e pode requerer responsabilização civil e criminal dos envolvidos, além de medidas urgentes para resguardar bens e assegurar que os valores recuperáveis retornem aos credores. A Justiça deverá avaliar se as irregularidades comprometem a continuidade da recuperação judicial ou se existe fundamento para que o processo seja convertido em falência.
Com cifras bilionárias em disputa, o caso se torna um dos mais relevantes do agronegócio brasileiro recente, expondo riscos de fraudes complexas em estruturas empresariais e levantando alerta para a fiscalização de processos de reestruturação financeira conduzidos no país.
