
Uma investigação exclusiva da CNN Brasil revelou que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve deixar R$ 324 bilhões em despesas públicas fora das regras fiscais entre os anos de 2023 e 2025, criando o que especialistas já chamam de uma “bomba-relógio fiscal” para o próximo governo.
Os dados, extraídos de análises de economistas e previsões oficiais, indicam que esse montante foi ou será gasto sem ser contabilizado nas metas fiscais oficiais — aquelas que medem se o governo cumpriu seu compromisso de equilíbrio entre receitas e despesas.
Só em 2023, os gastos ocultos somaram impressionantes R$ 241,3 bilhões, impulsionados principalmente pela PEC da Transição e pelo pagamento de precatórios. Em 2024, o valor estimado cai para R$ 33,8 bilhões, e para 2025, espera-se mais R$ 49,3 bilhões.
Embora o governo prometa déficit primário zero em 2025, analistas como a gestora Warren Investimentos projetam um déficit de 0,6% do PIB se as despesas não contabilizadas forem incluídas.
Para o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, o cenário é preocupante:
“Estamos montando uma bomba-relógio que, em algum momento, um governo terá de resolver.”
Outro analista ouvido pela CNN, Murilo Viana, lembra que o problema não é recente. Segundo ele, o Brasil já enfrenta desequilíbrio estrutural desde o governo Dilma, com cortes nas despesas discricionárias, enquanto as obrigatórias continuam crescendo.
Viana também mencionou que a PEC da Transição, aprovada no início do governo Lula, elevou em R$ 145 bilhões o teto de gastos em 2023, permitindo a ampliação de programas sociais como o Bolsa Família, Auxílio Gás e Farmácia Popular.
Já o economista-chefe da Warren, Felipe Salto, minimiza um colapso iminente, mas alerta para o enfraquecimento do arcabouço fiscal:
“Apesar de grave, o Brasil está longe de um quadro de insolvência.”
Na prática, o país segue gastos bilionários fora do radar oficial, o que compromete a credibilidade das metas fiscais e transfere ao futuro presidente, em 2027, a responsabilidade de reconstruir a confiança nas contas públicas.