
Presidente, Luiz Inácio Lula da Silva
Nem os bonés nacionalistas nem o confronto direto com Donald Trump surtiram efeito imediato na imagem do presidente Lula (PT). É o que mostra a nova pesquisa Datafolha, realizada em meio à escalada da tensão diplomática entre Brasil e Estados Unidos.
A mais recente pesquisa do instituto Datafolha, realizada nos dias 29 e 30 de julho com 2.004 eleitores de 130 cidades brasileiras, revela estabilidade na avaliação do governo Lula, apesar da recente crise diplomática com o ex-presidente norte-americano Donald Trump. Segundo o levantamento, 40% dos entrevistados consideram o governo ruim ou péssimo, enquanto 29% o avaliam como ótimo ou bom. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
No confronto com Trump — que impôs sobretaxas de até 50% sobre produtos brasileiros, alegando perseguição a seu aliado Jair Bolsonaro (PL) — Lula assumiu um tom nacionalista, buscando mobilizar apoio nas redes sociais com frases patrióticas e memes. Apesar de elogios pontuais, até em veículos internacionais como o New York Times, a estratégia não alterou significativamente a percepção do eleitorado brasileiro.
Em relação à avaliação pessoal de Lula como presidente, os números também se mantêm estáticos: 50% reprovam seu desempenho e 46% aprovam. Desde a última pesquisa, em junho, os números pouco oscilaram, mesmo com o Planalto apostando em forte discurso contra Trump, que chegou a aplicar sanções ao ministro Alexandre de Moraes (STF).
A pesquisa mostra ainda que 45% dos entrevistados acreditam que Bolsonaro é alvo de perseguição política, o que ajuda a explicar a resistência de parte do eleitorado às ações de Lula. A aprovação é maior entre os menos instruídos (42%) e nordestinos (38%), enquanto a reprovação cresce entre evangélicos (55%), sulistas (51%), classe média baixa (62%) e os mais ricos (57%).
A expectativa do governo era colher ganhos de imagem com a crise diplomática, mas, até agora, o chamado “presente de Trump” parece ter sido simbólico — ou poderá ser aberto apenas no ano eleitoral de 2026. Para analistas, a estabilidade pode ser vista como uma boa notícia para o Planalto, considerando que Lula vinha de uma queda acentuada em fevereiro, quando caiu de 35% para 24% de aprovação.
Ainda assim, os desafios permanecem. Embora a economia apresente dados positivos, como inflação controlada e emprego em alta, a pressão sobre os gastos públicos e o desgaste causado por temas como os descontos no INSS preocupam. A história recente do PT, marcada pelo impeachment de Dilma Rousseff, serve de alerta: o alívio momentâneo pode se transformar em custo político mais adiante.
PALAVRAS-CHAVE: Lula, Datafolha, Donald Trump, aprovação do governo, pesquisa, crise diplomática, Jair Bolsonaro, popularidade, economia, bonés nacionalistas.
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