
A ONG Tampatinhas Cuiabá entregou à Justiça de Mato Grosso um áudio que, segundo a organização, registra sons de pauladas e gemidos de gatos sendo brutalmente agredidos. O material teria sido gravado por uma vizinha da mulher trans Larissa Karolina Silva Moreira (nome social), que está presa preventivamente sob a acusação de adotar gatos para matá-los.
A gravação, encaminhada ao Tribunal de Justiça como prova de crueldade, faz parte da tentativa da ONG de atuar como assistente de acusação no processo de habeas corpus que tramita no gabinete 1 da Primeira Câmara Criminal. Segundo a presidente da Tampatinhas, Kelly Adriany de Lima Rondon, o conteúdo do áudio comprova a brutalidade dos crimes denunciados.
“Neste áudio, é possível ouvir os sons inequívocos do crime em andamento: barulho de pauladas e os gritos desesperados de gatos sendo espancados até a morte. A crueldade não é uma suposição — é um fato documentado”, afirma a ONG no documento oficial entregue ao TJMT.
A denúncia inicial contra Larissa foi feita no último dia 13 de junho, após diversos protetores de animais identificarem um padrão nas adoções feitas por ela: os gatos simplesmente desapareciam, sem qualquer retorno às entidades responsáveis.
Segundo a ONG, Larissa adotou diversos felinos — inclusive da própria Tampatinhas — e todos teriam tido o mesmo destino. A entidade alega que o comportamento da acusada revela “profundo desajuste e desprezo pela vida animal”.
Além do áudio, a ONG sustenta que a permanência de Larissa na prisão é necessária. “A manutenção da custódia é proporcional à gravidade concreta dos fatos e à periculosidade da agente, sendo a única capaz de cessar a atividade criminosa neste momento”, pontua a entidade.
➤ Pedido de soltura negado
Um pedido de habeas corpus feito pela Defensoria Pública em favor de Larissa já foi negado pelo desembargador Lídio Modesto da Silva Filho. A ONG também solicitou ser incluída como assistente de acusação em outro processo criminal, que tramita na primeira instância, e aguarda a decisão da Justiça sobre ambos os pedidos.
⚠️ Entenda o caso
Após o desaparecimento de gatos adotados por Larissa e seu companheiro, ONGs e protetores de animais passaram a desconfiar da conduta do casal. Uma equipe da Delegacia Especializada do Meio Ambiente (DEMA) foi acionada e, durante diligência no bairro Porto, localizou corpos de animais mortos em terrenos próximos à residência da acusada.
Na casa, os policiais encontraram rações, um filhote de cachorro e um lençol com marcas de sangue — mas nenhum gato vivo. As investigações agora apuram também suspeitas de zoofilia, e um laudo pericial está previsto para ser concluído nos próximos dias.
Larissa foi presa em flagrante e teve sua prisão convertida em preventiva após audiência de custódia. Já o companheiro dela foi liberado por colaborar com a investigação.