
• Rodrigo Coca / Agência Corinthians
O Cuiabá voltou a cobrar publicamente o Corinthians pela dívida referente à venda do volante Raniele, realizada no início de 2024. Em publicação feita na rede social X (antigo Twitter), na noite desta quarta-feira (17), o clube usou o bom humor para cutucar o time paulista:
“Faltam 3 horas e 54 minutos para o fim do dia 17 de Julho e até agora NADA. Estamos aguardando… Já faz mais de 365 dias que estamos aguardando!!!”, diz o post.
A publicação faz referência ao prazo final dado ao Corinthians para quitar a primeira parcela dos R$ 18 milhões acordados pela transferência de Raniele. A cobrança acontece após o clube paulista ter descumprido sucessivas promessas de pagamento, o que levou o Dourado a acionar a Câmara Nacional de Resolução de Disputas (CNRD), ligada à CBF.

Em entrevista concedida em abril, o presidente do Cuiabá, Cristiano Dresch, criticou duramente os termos do acordo definido pela CNRD. Segundo ele, a proposta de parcelamento em 24 vezes trimestrais estende o pagamento até 2031 — e sem a incidência de juros.
“O valor que temos a receber vai ser dividido em 24 parcelas trimestrais, descumprindo todo o acordo inicial. O jogador vai ter terminado de ser pago só em 2031. Isso não existe. O valor é irrisório perto do que o Corinthians fatura e continua contratando”, afirmou.
Dresch ainda fez um apelo a outros clubes do futebol brasileiro. “Hoje, não negociem com o Corinthians. A CNRD deveria agir com neutralidade, e o que vemos é justamente o contrário. Essa decisão é um convite ao calote. Os clubes menores são sempre os mais prejudicados”, disparou.
A contratação de Raniele pelo Corinthians foi anunciada em janeiro de 2024. Desde então, o clube paulista firmou compromissos para o pagamento da transferência, mas, na prática, não cumpriu os prazos.
Em meio à polêmica, o diretor de futebol do Corinthians, Fabinho Soldado, reconheceu à CNN Esportes S/A que a situação financeira do clube é delicada.
“A verdade é que as dívidas são enormes. Isso acaba comprometendo muita coisa da parte esportiva. As pessoas buscam o direito de receber, mas o clube hoje não tem segurança, vive com risco de penhora”, afirmou o dirigente.
Além do valor devido ao Cuiabá, o Corinthians acumula mais de R$ 76 milhões em dívidas, que vêm sendo parceladas por meio do Regime Centralizado de Execuções (RCE), com correção apenas pela inflação, segundo relatos de outros credores. O cenário segue pressionando o clube, tanto fora quanto dentro de campo.