
Os recentes crimes bárbaros registrados em Mato Grosso, todos com desfecho em feminicídio, acendem um alerta sobre os riscos invisíveis à convivência com personalidades perigosas — especialmente para mulheres e meninas. O Agora Pod entrevistou o médico psiquiatra Werley Peres, que fez um alerta direto: é preciso reconhecer os sinais de uma mente criminosa antes que seja tarde.
Segundo o especialista, muitos desses agressores não agem com violência explícita no início. Pelo contrário: oferecem afeto, proteção e promessas de cuidado como forma de manipular e dominar. “Cuidado com aquela pessoa que te viu hoje e amanhã está dizendo que te ama”, advertiu. Ele destacou ainda os sinais clássicos de controle disfarçado: “Aquela pessoa que diz ‘você não precisa trabalhar, eu vou sustentar a casa’. Isso pode parecer carinho, mas muitas vezes é o começo de um processo de aprisionamento”.
A entrevista teve como ponto de partida os feminicídios das adolescentes Emelly Azevedo Sena e Heloysa Maria de Alencastro Souza, ambas de 16 anos. Emelly foi vítima de um plano cruel arquitetado por uma mulher que queria roubar seu bebê. Já Heloysa foi assassinada após um plano premeditado pelo padrasto, Benedito Anunciação Santana, de 40 anos, que mantinha uma relação abusiva com a mãe da garota e nutria ciúmes da enteada.
“Todo crime bárbaro, por trás dele, tem uma personalidade doentia”, afirmou Peres, ao explicar como transtornos de personalidade como psicopatia, antissocial e dependente emocional estão ligados a esse tipo de violência extrema.
O psiquiatra também defendeu o papel da sociedade e da família na prevenção. “Vivemos no Estado campeão em feminicídios. Precisamos ensinar nossas meninas a identificar sinais de perigo. Hoje, com um CPF, já dá para investigar muita coisa. Informação é uma ferramenta de sobrevivência”, concluiu.