
A primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, e sua equipe seguem o hábito de adquirir passagens aéreas com prazos curtos de antecedência para viagens oficiais. Segundo registros do Painel de Viagens do Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGI), entre 144 passagens emitidas para voos comerciais, 140 foram compradas com até 15 dias antes da data de embarque.
A prática, além de afetar diretamente o custo final das passagens, chama atenção pela frequência. Nos deslocamentos feitos pela própria primeira-dama, não há registro de bilhete adquirido com mais de 9 dias de antecedência. Isso se repetiu inclusive em compromissos internacionais de grande porte, como a 48ª sessão do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), em Roma, e a Cúpula Nutrição para o Crescimento (N4G), em Paris.
Apesar da divulgação oficial dessas informações no Painel do MGI, a atualização dos dados ocorre com atraso. Até o momento, não há registro da viagem de Janja a Paris entre os dias 4 e 9 de junho, quando ela acompanhou o presidente Lula na terceira visita oficial à França, durante a gestão de Emmanuel Macron.
A última movimentação listada no sistema aponta uma viagem realizada em março deste ano, quando Janja participou de um fórum internacional sobre nutrição e representou o Brasil em reuniões com líderes de diferentes países.
Segundo levantamento publicado pelo jornal Folha de S.Paulo, baseado nos dados do próprio MGI, cerca de 70% das viagens desde 2021 foram autorizadas e organizadas com menos de 15 dias de antecedência. Entre 2021 e 2022, ainda no governo de Jair Bolsonaro, as compras de passagens em prazo curto cresceram 58%. Com o início da gestão Lula, o volume subiu mais 30%.
O Painel de Viagens ainda registra os deslocamentos de 12 servidores que atuam como assessores informais da primeira-dama, o que amplia a movimentação de recursos públicos para essas agendas. Procurado, o Palácio do Planalto não se manifestou sobre o padrão das compras e os critérios adotados para o planejamento das viagens.