Jane Birkin, atriz e cantora britânica
Em julho deste ano, uma das peças mais icônicas da moda mundial voltou a ser notícia. A casa de leilões Sotheby’s, em Paris, vendeu a bolsa Birkin original criada pela Hermès especialmente para a atriz e cantora Jane Birkin por impressionantes 8,6 milhões de euros — o equivalente a cerca de R$ 55 milhões. O valor recorde marcou não apenas a história da marca, mas também reforçou a ascensão dos itens de luxo como ativos de investimento.
A peça, feita sob medida para Jane Birkin na década de 1980, tornou-se um símbolo de elegância atemporal. O modelo, hoje sinônimo de status e exclusividade, representa um fenômeno que vai além da moda: o luxo como reserva de valor. Segundo o Knight Frank Luxury Investment Index, as bolsas de alto padrão foram as que mais se valorizaram entre os itens colecionáveis, registrando crescimento de 2,8% em 2024 e acumulando alta de 85% na última década.
Especialistas explicam que a valorização não é apenas reflexo da escassez, mas da história e do desejo emocional ligados a cada peça. “Investir em luxo é, muitas vezes, sobre história e pertencimento, não sobre rentabilidade”, afirma Marta Zaidan, sócia e CIO da Vos Investimentos.
O interesse crescente por artigos de luxo tem impulsionado também o mercado de second-hand, com a revenda de bolsas, joias e relógios de grife em plataformas especializadas. Essa nova dinâmica tornou o consumo de luxo mais acessível e sustentável, aproximando o público jovem de um universo antes restrito.
De acordo com o estudo da Bain & Company, o varejo global de luxo movimentou 1,48 trilhão de euros em 2024, com destaque para o Brasil e a América Latina como mercados em expansão. Mesmo com oscilações, marcas como Hermès, Rolex e Cartier seguem liderando o segmento, sustentadas por sua herança artesanal e pela força das narrativas que constroem.
Para Yuri Freitas, head de Planejamento Patrimonial do UBS GWM, o investimento em colecionáveis está mais ligado à satisfação pessoal do que ao retorno financeiro. “Esses ativos têm valor simbólico. São escolhas guiadas por paixão, não por liquidez”, observa.
A venda histórica da bolsa de Jane Birkin confirma essa lógica: o verdadeiro luxo continua sendo aquilo que combina autenticidade, desejo e memória. Uma peça que nasceu do acaso um encontro entre a atriz e o então presidente da Hermès, Jean-Louis Dumas, em um voo — e que se transformou, décadas depois, em um ícone que vale milhões.
