
O ex-topógrafo da HB20 Construções Ltda, João Jorge Catalan Mesquita, delator de um suposto esquema de propina envolvendo os vereadores de Cuiabá Chico 2000 (PL) e Sargento Joelson (PSB), já foi alvo de um inquérito policial por fraude, estelionato e falsificação de documentos. A notícia crime foi protocolada pela própria empresa em julho de 2024, quando Catalan ainda integrava o quadro de funcionários.
Segundo a denúncia, ele teria usado o nome da construtora para oferecer serviços que nunca foram executados e emitia notas em nome da revendedora de veículos F A Viecili, também citada no caso. O proprietário do estabelecimento, Felipe Augusto Viecili, foi igualmente denunciado. A Delegacia de Estelionato confirmou a tentativa de golpe, que envolvia uma nota no valor de R$ 51 mil, mas que acabou não sendo paga. Em março deste ano, a juíza Edna Ederli Coutinho arquivou o processo.
Apesar do histórico, Catalan apresentou ao então deputado federal e hoje prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL), provas de que vereadores teriam recebido propina em obras executadas pela HB20, responsável pelo Contorno Leste da capital. O caso originou a Operação Perfídia, deflagrada em abril, que afastou Chico 2000 e Joelson por quatro meses. Segundo o inquérito, ao menos R$ 250 mil teriam sido entregues a Joelson, parte via Pix e parte em espécie, enquanto Chico teria atuado politicamente para viabilizar votações na Câmara.
Nesta semana, os dois vereadores reassumiram os cargos após decisão da Quarta Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso. Em plenário, miraram diretamente no delator. Joelson afirmou que a denúncia seria uma armação de Catalan, com quem disse ter trocado mais de 500 mensagens, das quais apenas uma parte aparece no inquérito. Ele ainda acusou o ex-funcionário de tentar desviar R$ 4 milhões da HB20.
Chico 2000, por sua vez, declarou nunca ter tido contato pessoal com Catalan e o chamou de “canalha” por citá-lo no caso. “O que foi falado, de forma grosseira por ele, é que a Câmara estaria atrapalhando as obras do Contorno Leste, mas quem contratava e pagava era o Executivo, não o Legislativo”, afirmou.