
Enquanto líderes partidários aguardavam o início da sessão convocada para as 20h30 e a possibilidade de desocupação da Mesa Diretora da Câmara por força policial, a deputada Julia Zanatta (PL-SC) chamou atenção ao entrar no plenário com a filha de quatro meses nos braços. A cena se somou ao clima dramático que domina o Congresso desde a última terça-feira (5), quando deputados bolsonaristas ocuparam o espaço da presidência da Casa em protesto contra a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Horas antes, Zanatta já havia divulgado um vídeo em que aparece sentada na cadeira de Hugo Motta, com a filha no colo, como parte da obstrução liderada por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro. O gesto foi lido por apoiadores como ato simbólico de resistência e, por críticos, como uma tentativa de instrumentalizar a imagem da criança em um ambiente de confronto político.
Ato simbólico ou estratégia midiática?
A presença da bebê no centro da cena política gerou reações divididas. Enquanto parlamentares da oposição ao bolsonarismo classificaram a atitude como uma “encenação arriscada”, aliados de Zanatta exaltaram o gesto como símbolo da “defesa das famílias brasileiras” diante do que consideram uma perseguição judicial ao ex-presidente.
“A presença da filha da deputada é um ato de coragem e resistência”, escreveu um seguidor em publicação nas redes sociais da parlamentar.
Internamente, no entanto, a presença de crianças no plenário em situações de alta tensão levanta preocupações sobre segurança e protocolo institucional. A Mesa Diretora ainda não se pronunciou oficialmente sobre o episódio.
Sessão marcada sob risco de confronto
Com a sessão convocada por Hugo Motta para a noite desta quarta, cresce o temor de confronto direto entre deputados bolsonaristas e a Polícia Legislativa, caso haja resistência à desocupação. A entrada de jornalistas e assessores continua restrita, o que pode tornar o desenrolar dos acontecimentos fora do alcance da cobertura ao vivo da imprensa.
A presença de Julia Zanatta com a filha no local pode alterar os planos de desocupação forçada, dado o risco de desgaste público e jurídico que envolveria qualquer ação mais enérgica diante de uma mãe com bebê no colo.