
Nos últimos meses, vídeos de adolescentes participando da chamada “brincadeira do desmaio” voltaram a circular nas redes sociais, acendendo o alerta entre profissionais de saúde, educadores e pais. A manobra consiste em pressionar com força a região do tórax de colegas até que eles percam a consciência, provocando uma hipóxia cerebral momentânea — situação que, apesar de tratada como passatempo em grupos escolares, pode ter desfecho trágico.
De acordo com especialistas, a prática reduz o espaço da caixa torácica, impedindo a entrada de ar nos pulmões. O corpo sofre com a queda rápida do nível de oxigênio no cérebro, o que leva ao desmaio e, em casos graves, a danos permanentes.
“O problema é que eles repetem a manobra sem avaliar o risco, e uma hora pode dar errado. O desmaio pode ser irreversível”, alerta o pediatra Antonio Carlos Turner, coordenador do serviço de Pediatria do Hospital Balbino, no Rio de Janeiro. Segundo ele, além das possíveis sequelas cerebrais, a pressão intensa na região do esterno pode provocar hematomas internos, fraturas e traumatismos em quedas.
Instituições como o Instituto DimiCuida têm promovido campanhas de conscientização sobre os chamados “jogos de asfixia”. Em cartilha distribuída para escolas e famílias, o instituto chama a atenção para a disseminação de vídeos nas redes sociais que incentivam jovens a repetir a prática, muitas vezes longe da supervisão de adultos.
A psicóloga Fabiana Vasconcelos, do mesmo instituto, explica que o desafio explora a busca de adolescentes por aceitação social. “Os jovens buscam essa mistura de euforia e prazer como forma de pertencimento ao grupo, mas desconhecem as consequências, que podem ser irreversíveis”, afirma.
Diante desse cenário, a orientação de pediatras, psicólogos e educadores é manter o diálogo aberto com crianças e adolescentes, discutindo os riscos de conteúdos e desafios virtuais. Pais devem ficar atentos a sinais como mudanças de comportamento, irritabilidade constante, dores de cabeça frequentes, marcas no pescoço e relatos de desorientação, que podem indicar envolvimento em práticas perigosas.
Outro ponto importante é o acompanhamento do uso de dispositivos eletrônicos, com controle de tempo de exposição e monitoramento do conteúdo acessado. As escolas também são peças-chave nesse processo, oferecendo palestras e projetos educativos sobre segurança e saúde.
A recomendação é clara: informação, diálogo e vigilância são as melhores formas de evitar que brincadeiras perigosas tenham consequências irreparáveis.
Veja o vídeo