
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, pode anunciar sua saída antecipada da Corte ainda este ano, conforme apurou a CNN Brasil. Embora sua aposentadoria compulsória esteja prevista apenas para 2032, quando completará 75 anos, Barroso — hoje com 67 — tem refletido seriamente sobre a possibilidade de deixar o tribunal após o término de seu mandato na presidência, em setembro de 2025.
A principal razão para a possível decisão é o que o ministro tem chamado de uma “crise global de civilidade”, que estaria minando sua motivação para continuar atuando na magistratura. Segundo interlocutores, ele considera o atual ambiente institucional mais hostil e menos propenso ao diálogo racional. A falta de espaço para o debate construtivo, somada ao clima político internacional tenso, estaria pesando fortemente sobre sua decisão.
Conflito com os EUA também influencia
A insatisfação de Barroso não se limita ao cenário interno. De acordo com fontes próximas, ele teria sido um dos ministros brasileiros que teve o visto norte-americano revogado no início do segundo mandato de Donald Trump, em 2025. O republicano considera Barroso um aliado próximo de Alexandre de Moraes, com quem mantém forte antagonismo.
Ao contrário de Moraes, que tratou o episódio com frieza, Barroso teria se sentido pessoalmente afetado pela decisão. O ministro tem vínculos acadêmicos consolidados nos EUA, especialmente com a Harvard Kennedy School, e costuma passar temporadas no país durante suas férias.
Novo ciclo e mudanças internas no STF
Outro fator que influencia sua possível saída é a mudança de posição dentro do STF. Com o fim da presidência, Barroso será transferido para a Segunda Turma da Corte, composta por ministros com os quais tem menos afinidade, como Gilmar Mendes, Nunes Marques e André Mendonça. Desde sua chegada ao Supremo, em 2013, ele atuou na Primeira Turma, onde construiu relações de maior proximidade e afinidade jurídica.
Sucessão e bastidores em movimento
A aposentadoria precoce de Barroso abriria mais uma vaga no STF a ser preenchida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante seu mandato. Os nomes mais cotados para a substituição incluem o advogado-geral da União, Jorge Messias, e a presidente do Superior Tribunal Militar, ministra Maria Elizabeth Rocha — ambos bem posicionados junto ao Planalto.
Nos bastidores, a movimentação já é intensa. Mesmo sem uma decisão oficial, a possibilidade de saída de Barroso tem provocado articulações tanto no Judiciário quanto no Executivo.
Futuro acadêmico e possível missão diplomática
Caso decida deixar o STF, Barroso deve se dedicar à vida acadêmica como professor e palestrante, mas também não descarta aceitar missão diplomática no exterior, caso convidado. “Há momentos em que o recuo é a única forma digna de resistência”, teria confidenciado a pessoas próximas — frase que sintetiza o espírito introspectivo que guia sua possível decisão.