
Torcedor até depois da morte? No Espírito Santo, isso já é realidade. Uma tendência inusitada vem chamando atenção na Serra: os caixões personalizados. Com estampas que vão de times de futebol a marcas de cerveja, o que antes era exceção agora virou uma forma criativa — e respeitosa — de se despedir de quem partiu.
A ideia surgiu há cerca de oito anos, na Funerária Pai e Filhos, localizada em Vila Nova de Colares. Desde então, a demanda por modelos fora do padrão só cresce. “É um torcedor morrer, que a encomenda chega”, brinca o proprietário Jonatan Alves Stofle, de 31 anos. Segundo ele, os pedidos mais comuns são de caixões com as cores e escudos de clubes como Flamengo, Vasco, Cruzeiro e Atlético Mineiro.
A história da funerária tem um toque familiar e curioso. Antes de entrar no ramo, Jonatan trabalhava em uma distribuidora de bebidas. Seu primeiro contato com o setor funerário foi ao ajudar um amigo nos traslados e preparação de corpos. Com o tempo, decidiu abrir sua própria empresa com o apoio do pai, o que deu origem ao nome “Pai e Filhos”. Hoje, o irmão também está no negócio.
O primeiro pedido personalizado veio de um cliente que queria prestar homenagem ao pai, fã da cerveja Brahma. O caixão foi todo estilizado com a marca da bebida — e a ideia logo caiu nas graças da comunidade. A partir daí, os modelos passaram a fazer parte do catálogo da funerária.
Os preços dos caixões personalizados variam entre R$ 3 mil e R$ 7 mil, dependendo do nível de detalhamento e materiais utilizados. Mas há também opções mais sofisticadas, como o modelo “Imperador/Imperatriz”, que pode chegar a R$ 25 mil. “A verdade é que o caixão tem que fazer o estilo da pessoa”, resume Jonatan.
Apesar do tom leve que muitas vezes acompanha essas escolhas, o respeito ao momento da perda é prioridade. “É uma forma de celebrar a vida da pessoa, o que ela gostava, no último momento”, explica o empresário.
Entre as histórias inusitadas que marcam a trajetória da funerária, uma se destaca: o genro que encomendou um caixão para assustar a sogra ainda viva. “Foi só uma brincadeira, claro. Não sei nem como ela reagiu. Mas tem de tudo por aqui”, diverte-se Jonatan.
Num setor tradicionalmente marcado pelo silêncio e pela dor, a Funerária Pai e Filhos encontrou um jeito de trazer leveza e personalidade ao luto. E, ao que tudo indica, o mercado das despedidas criativas só tende a crescer.