
A Câmara Municipal de Canarana (823 km a leste de Cuiabá) oficializou, nesta segunda-feira (9), a extinção do mandato do vereador Thiago Bitencourt Ianhes Barbosa, o Dr. Thiago (PL), preso desde o dia 31 de maio por acusações gravíssimas de crimes sexuais contra menores. Com a medida, o parlamentar ficará inelegível por 8 anos, e o suplente Milton Blass, conhecido como Miltinho (PL), foi convocado para ocupar a vaga de forma definitiva.
Dr. Thiago havia encaminhado sua renúncia à presidência da Casa na última quarta-feira (4), alegando “questões pessoais”. Apesar disso, o presidente da Câmara, Joá José Porto dos Santos (MDB), optou por seguir com o Decreto Legislativo 128/2025, determinando formalmente a extinção do mandato, o que afasta qualquer possibilidade de retorno do parlamentar ao cargo.
“Com tranquilidade e compromisso com a população, cumprimos o que determina a lei. Não podemos compactuar com condutas que envergonham o Legislativo e ferem a dignidade do nosso povo”, declarou o presidente da Casa, visivelmente abalado com a repercussão do caso, inclusive fora do país.
Durante a sessão, os demais vereadores manifestaram apoio à decisão da presidência e deram as boas-vindas a Miltinho, mesmo em meio às circunstâncias delicadas. Também foi aprovada, por unanimidade, a extinção da comissão processante que investigaria o caso, encerrando a tramitação interna.
A medida será publicada oficialmente e comunicada ao juízo eleitoral da comarca de Canarana, como prevê o rito legal.
Os crimes
O vereador e médico bolsonarista foi preso em flagrante pela Polícia Civil no sábado (31), sob acusações de abusar de uma adolescente desde os 12 anos de idade e manter outra vítima em situação análoga à escravidão sexual. Em sua residência, os agentes encontraram vídeos, imagens e objetos ligados à prática dos crimes — muitos deles produzidos pelo próprio investigado.
Os materiais apreendidos confirmam, segundo a polícia, a existência de pornografia infantil e reforçam a gravidade das denúncias. O caso agora segue sob a responsabilidade do Judiciário mato-grossense.