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O editorial da Folha de S.Paulo desta semana destacou a situação das empresas estatais federais e classificou o cenário como marcado por perdas financeiras recorrentes que podem resultar em aportes bilionários do Tesouro Nacional. O jornal afirma que a atual gestão enfrenta dificuldades relacionadas à governança e ao desempenho das estatais.
De acordo com o editorial, o 7º Relatório de Riscos Fiscais do Tesouro Nacional indica que nove empresas controladas pelo governo federal acumulam prejuízos sucessivos, ampliando o risco de novas injeções de recursos públicos. O texto aponta que, entre as 27 estatais com receitas próprias consideradas no cálculo do déficit público, excluindo Petrobras e bancos oficiais, há projeções de déficit de 6,2 bilhões de reais para 2025 e 6,7 bilhões de reais para 2026.
Entre os casos citados, o dos Correios é apresentado como o mais crítico. A empresa registrou prejuízo de 2,6 bilhões de reais no segundo trimestre de 2025, valor quase cinco vezes maior que o do mesmo período de 2024, que foi de 553 milhões de reais. No acumulado do semestre, o resultado negativo chega a 4,4 bilhões de reais. O editorial menciona que está em discussão um possível empréstimo de 20 bilhões de reais para a estatal, com aval do Tesouro.
Outras empresas citadas incluem a ENBPar, controladora da Eletronuclear, que teria necessidade de aporte de 1,4 bilhão de reais para cobrir despesas até o fim do ano. O editorial também menciona que a conclusão da usina Angra 3 pode exigir cerca de 20 bilhões de reais. Infraero, Casa da Moeda e Companhias Docas de diferentes estados também aparecem em situação de prejuízo ou queda de receita.
O jornal afirma que parte das dificuldades decorre de decisões judiciais que flexibilizaram regras da Lei das Estatais, permitindo a nomeação de aliados políticos e sindicalistas para cargos de direção. O editorial lembra que, mesmo após o Supremo Tribunal Federal validar restrições legais em 2024, os ocupantes desses cargos permaneceram até o fim dos mandatos.
O texto reforça que, segundo o jornal, ainda não há um programa amplo de recuperação das empresas e que algumas estatais enfrentam rede obsoleta, prejuízos contínuos e dificuldades estruturais. O editorial afirma que, onde for possível, a privatização seria uma alternativa considerada pelo setor.
A publicação encerra com alerta sobre o risco de não haver interessados em eventuais processos de privatização e aponta a possibilidade de encerramento de operações caso não haja soluções sustentáveis para as estatais.
