
Em entrevista à revista Veja, o ator Paulo Betti fez duras críticas aos colegas que apoiam o ex-presidente Jair Bolsonaro, revelando que já não consegue mais manter diálogos com aqueles que votaram no ex-mandatário nas últimas eleições. O artista, que se posicionou abertamente contra a ideologia do ex-presidente, também direcionou suas críticas à atriz Regina Duarte, mencionando especificamente o sofrimento de colegas durante a Ditadura Militar.
Betti explicou que, por muito tempo, manteve conversas com colegas que apoiavam Bolsonaro, mas que chegou a um ponto em que não é mais possível dialogar sem sentir repulsa. “Não é possível que a Regina não soubesse da tortura que a Bete Mendes sofreu”, afirmou, referindo-se à atriz Bete Mendes, que, segundo ele, foi torturada pelo coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra durante o período da ditadura. “Bete é uma grande figura do meio artístico, e não é possível que a Regina, com toda a sua experiência, não tenha conhecimento disso”, acrescentou.
Paulo Betti, visivelmente indignado, destacou que, apesar de discordar das posições políticas de seus colegas, ele respeita o direito de cada um expressar suas opiniões. No entanto, o ator não poupou palavras ao questionar o posicionamento de Regina Duarte contra a democracia, especialmente por ela ter expressado apoio a ideias associadas a um regime autoritário. “Ela tem o direito de expressar sua opinião, mas acusar que não há democracia? Isso é um desvio de caráter que não entendo se é psicológico ou de outra natureza”, declarou Betti, acrescentando que a situação é ainda mais grave dado o histórico de violações de direitos humanos durante a ditadura militar, com as quais ele acredita que Regina não pode simplesmente se omitir.
Apesar de suas críticas, o ator frisou que a política deve ser entendida como uma questão de liberdade individual, respeitando as escolhas ideológicas de cada pessoa. “Eu acredito genericamente nos conceitos da esquerda, mas isso não significa que não reconheça o direito de cada um se posicionar como preferir”, concluiu.
A entrevista, que se tornou um dos tópicos mais comentados nos últimos dias, levanta novamente questões sobre a polarização política no Brasil e a dificuldade de diálogo entre aqueles que têm visões políticas opostas.