
Nem só de depoimentos técnicos vive a política cuiabana. O ex-prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) protagonizou um dos momentos mais acalorados do ano na manhã desta segunda-feira (07), durante sua oitiva na CPI da CS Mobi, na Câmara Municipal de Cuiabá. O embate com o vereador Dilemário Alencar (União) ultrapassou os limites institucionais e descambou para o campo pessoal — com direito a insinuações de escândalos que já estamparam revistas de circulação nacional.
A tensão começou quando Dilemário, relator da comissão, questionou se Emanuel seria sócio oculto da CS Mobi Cuiabá, empresa responsável pela controversa gestão do estacionamento rotativo na capital. “O senhor é sócio oculto dessa empresa? Porque você fez esse mal para os idosos, para as pessoas com deficiência e vai deixar um passivo de quase R$ 1 bilhão”, disparou o vereador.
Pinheiro, conhecido por sua oratória afiada, não se conteve: “O senhor era sócio oculto da loira que levou para o Chico Galindo? A famosa loira da previdência, sua amiga. O senhor era sócio dela?”, retrucou, em tom ácido.
A referência é à empresária Luciane Hoepers, conhecida como a “loira da previdência”, figura central da Operação Miquéias, da Polícia Federal, deflagrada em 2013. O escândalo revelou um esquema de fraudes bilionárias em fundos de previdência municipais, inclusive o Cuiabá-Prev, e envolveu gestores públicos e parlamentares de todo o país.
Sobre a CPI da CS Mobi
Criada para apurar a legalidade da Parceria Público-Privada (PPP) firmada na gestão de Emanuel com a empresa CS Mobi Cuiabá, a CPI tem como foco esclarecer contratos e eventuais prejuízos financeiros ao município, que podem ultrapassar a marca de R$ 1 bilhão ao longo dos 30 anos de concessão. A convocação do ex-prefeito partiu do presidente da comissão, o vereador e policial federal Rafael Ranalli (PL).
Enquanto os parlamentares tentam avançar nas investigações, o depoimento de Emanuel — longe de esclarecer pontos técnicos — acabou marcando mais um capítulo da guerra verbal entre os bastidores da política cuiabana.
A sessão terminou, mas a tensão permanece nos corredores do Legislativo.