
A Polícia Civil de Mato Grosso revelou que o grupo responsável por desviar mais de R$ 21 milhões do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) era composto por integrantes de uma mesma família, advogados e servidores do próprio Poder Judiciário. A operação, batizada de Sepulcro Caiado, foi deflagrada nesta quarta-feira (30), com a prisão do empresário João Gustavo Ricci Volpato, apontado como líder do esquema e genro do desembargador Rubens de Oliveira.
Segundo as investigações, João Gustavo utilizava empresas próprias – Labor Fomento Mercantil Ltda e RV Empresa de Cobrança Ltda – para ajuizar ações judiciais fraudulentas com documentos, assinaturas e procurações falsificadas. O esquema envolvia ainda a apresentação de comprovantes de depósitos falsos e a colaboração de servidores do TJMT, que manipulavam planilhas internas para simular movimentações financeiras, viabilizando a liberação indevida de alvarás judiciais.

Família envolvida
Além de João Gustavo, foram alvos de mandados:
- Luiza Rios Ricci Volpato (mãe): sócia da empresa usada no esquema, beneficiada com cerca de R$ 1 milhão;
- Augusto Frederico Ricci Volpato (irmão): operava como braço direito, movimentou mais de R$ 16 milhões entre 2020 e 2023;
- Flávia de Oliveira Santos Volpato (esposa): filha do desembargador, recebeu valores diretamente do marido e pagou mais de R$ 37 mil em espécie por um imóvel;
- Júlia Maria Assis Asckar Volpato (cunhada): recebeu mais de R$ 132 mil em transferências do marido, Augusto, e é investigada por possível ocultação de patrimônio.
Advogados e servidor do TJ também presos
Foram presos também os advogados:
- Wagner Vasconcelos de Moraes
- Melissa França Praeiro Vasconcelos de Moraes
- Rodrigo Moreira Marinho
- Themis Lessa da Silva
- João Miguel da Costa Neto
- Régis Poderoso de Souza
- Denise Alonso
Além deles, o servidor Mauro Ferreira Filho, do TJMT, é considerado foragido.
Ações coordenadas
Ao todo, foram cumpridas mais de 160 ordens judiciais, expedidas pelo juiz Moacir Rogério Tortato, do Núcleo de Justiça 4.0. As medidas incluíram:
- Prisões preventivas
- Buscas e apreensões
- Bloqueio de R$ 21,7 milhões
- Sequestro de 18 veículos e 48 imóveis
- 46 quebras de sigilos fiscal e bancário
As diligências foram realizadas em Cuiabá, Várzea Grande e Marília (SP).
O que diz a polícia
De acordo com a Polícia Civil, o esquema funcionava com o uso da máquina pública para saques indevidos, por meio da falsificação de ações judiciais e do envolvimento direto de servidores que atuavam internamente no TJ.
As investigações continuam para identificar possíveis novos envolvidos e desdobramentos patrimoniais do grupo criminoso.