
A Justiça de Mato Grosso marcou para o dia 27 de junho de 2025, às 9h, o julgamento do ex-policial civil Kleber Ferraz Albuês, acusado de envolvimento na morte do músico Thiago Festa Figueiredo. O júri será realizado em Cuiabá e também terá como réu o técnico em informática Hueder Marcos de Almeida. Ambos respondem por sequestro, homicídio qualificado e ocultação de cadáver.
O caso, que se arrasta há mais de uma década, voltou à pauta do Tribunal do Júri após decisão da juíza Cristhiane Trombini Puia Baggio, do Núcleo de Atuação Estratégica (NAE) do Tribunal de Justiça de Mato Grosso. A magistrada atendeu a um recurso do Ministério Público Estadual (MPE), que conseguiu reverter uma decisão anterior que havia absolvido os acusados.
O crime aconteceu em dezembro de 2011 dentro de uma clínica de reabilitação que pertencia à mãe de Kleber. À época, o ex-policial ainda era investigador da Polícia Civil. Desde então, ele foi desligado da corporação e atualmente atua como assessor parlamentar do deputado estadual Júlio Campos (União).
Como foi o crime
Segundo o Ministério Público, Thiago Festa e um amigo, identificado apenas como André, foram detidos por policiais militares após comprarem entorpecentes e levados à Central de Flagrantes (CISC Norte), em Cuiabá. A mãe de André procurou Kleber pedindo ajuda para internar o filho na clínica da família. Kleber teria aproveitado a situação para também levar Thiago, mesmo sem qualquer autorização da família ou ordem judicial.
A denúncia afirma que Kleber obrigou o músico a dirigir até a clínica sob ameaça armada. No local, Hueder teria preparado um coquetel de medicamentos controlados, conhecido como “danone”, mesmo sem formação na área de saúde. Thiago teria informado ser alérgico a certas substâncias, mas foi forçado a ingerir o conteúdo.
Trancado em um cômodo chamado “quarto da disciplina”, Thiago apresentou sinais graves de intoxicação, dificuldades para falar e morreu em decorrência de overdose medicamentosa, ainda segundo o MP.
Ocultação do corpo
Após a morte, Kleber e Hueder, com ajuda de um terceiro ainda não identificado, retiraram o corpo da clínica e o abandonaram às margens da estrada para o Distrito da Guia, na zona rural de Cuiabá. Para despistar as autoridades, Kleber registrou um boletim de ocorrência com informações falsas, alegando ter encontrado o corpo casualmente.
O Ministério Público sustenta que a intenção da farsa era encobrir a morte e permitir que o próprio Kleber conduzisse as investigações no CISC Norte, impedindo a atuação da Delegacia de Homicídios.
O julgamento é aguardado com expectativa por familiares da vítima e promete reabrir feridas antigas sobre a relação entre abuso de autoridade, omissão institucional e violência em ambientes de tratamento compulsório.