
Na manhã desta segunda-feira, 21 de abril, o mundo se despediu do Papa Francisco, falecido aos 88 anos, após mais de uma década de pontificado marcado por reformas, empatia e uma aproximação inédita com os marginalizados. Enquanto o Vaticano ainda entra em luto e prepara o tradicional ritual de nove dias de orações, as casas de apostas ao redor do mundo já se movimentam para antecipar quem poderá assumir o trono de São Pedro.
O principal nome apontado como sucessor de Francisco é o do cardeal filipino Luis Antonio Tagle, com odds de 1/1 e estimativa de 50% de chances de ser eleito, segundo o site OLBG.com. A cotação o coloca à frente do secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin, que anteriormente era considerado o favorito, mas agora aparece com odds de 6/4 (40%).
Tagle, apelidado de “o Francisco asiático”, é visto como uma figura carismática e moderna dentro da Igreja Católica. Ex-arcebispo de Manila e atualmente prefeito do Dicastério para a Evangelização, ele tem se destacado por sua defesa da justiça social, da inclusão e por sua postura mais acolhedora em relação a questões controversas dentro da Igreja, como a situação dos fiéis divorciados, mães solteiras e da comunidade LGBTQIA+. Se eleito, será o primeiro papa das Filipinas e o segundo não europeu consecutivo a assumir o papado.
“A posição de Luis Antonio Tagle como favorito em odds de dinheiro igual reflete tanto sua posição dentro do Vaticano quanto seu apelo para uma Igreja global. Sua experiência, carisma e alinhamento com muitos dos valores de Francisco o tornam um forte candidato aos olhos de muitos apostadores. Dito isso, este é um dos mercados de apostas mais imprevisíveis, e surpresas podem acontecer (e acontecem) durante um conclave”, analisa Jake Ashton, especialista em apostas de atualidades do site.
Corrida papal ainda está aberta
Logo atrás de Tagle na disputa está Pietro Parolin, homem de confiança de Francisco e figura diplomática de grande influência dentro do Vaticano. Ele tem amplo trânsito entre os cardeais e um perfil mais moderado, o que pode agradar a diferentes alas da Igreja. Sua eleição representaria a continuidade direta do legado do pontífice argentino, embora com um estilo possivelmente mais pragmático.
Na terceira posição, empatados com odds de 5/1 (16,7% de chance), aparecem dois nomes de linhas mais conservadoras: o canadense Marc Ouellet e o congolês Fridolin Ambongo Besungu.
Ouellet, conhecido por sua firme defesa do celibato sacerdotal, já se posicionou contra propostas de reforma como a ordenação de homens casados em regiões como a Amazônia. Seu perfil mais ortodoxo agrada a setores tradicionais da Igreja.
Ambongo, por sua vez, representa a jovem Igreja africana, em franca expansão, e é um crítico das posições progressistas de Francisco. Em 2023, chegou a rejeitar um decreto que permitia bênçãos a casais do mesmo sexo, afirmando que a medida era inaceitável para a realidade africana. Se eleito, seria o papa mais jovem entre os favoritos e marcaria uma guinada mais conservadora no Vaticano.
Como funciona o conclave
O processo de escolha do novo papa será conduzido pelo Colégio dos Cardeais, formado atualmente por mais de 240 cardeais, dos quais 138 têm menos de 80 anos e, portanto, direito a voto. Embora o número ideal de eleitores seja 120, Francisco aumentou esse total ao nomear novos cardeais ao longo de seu pontificado.
O conclave – reunião secreta na Capela Sistina – começará após o período oficial de luto e a chegada de todos os cardeais a Roma. A eleição exige uma maioria de dois terços dos votos, e as votações seguem até que esse número seja alcançado. O último conclave, que elegeu Francisco em 2013, durou apenas dois dias.
Com uma Igreja globalizada e cada vez mais pressionada por mudanças, a decisão dos cardeais será mais do que simbólica: ela pode definir o rumo do catolicismo no século XXI. Seja pela continuidade do espírito reformista de Francisco, seja por um retorno à tradição, o mundo aguarda a fumaça branca que anunciará o novo líder espiritual de mais de 1,3 bilhão de católicos.