Os ex-ministros Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira foram presos nesta terça-feira e levados ao Comando Militar do Planalto. As detenções fazem parte de um conjunto de investigações que analisa a atuação de autoridades e militares após as eleições presidenciais, quando surgiram iniciativas internas que buscavam alternativas e respostas ao cenário político do período.
Com isso, ambos se juntam ao general da reserva Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice-presidente em 2022, que está preso desde dezembro de 2024. Condenado em setembro, Braga Netto é apontado pelos investigadores como figura central na articulação de comunicações e contatos entre autoridades políticas e setores militares. Segundo os autos, ele teria participado da elaboração de documentos, conversas e estratégias que buscavam embasar juridicamente decisões consideradas controversas pelas autoridades judiciais.
O cenário envolve ainda outros nomes já citados nas investigações. O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da presidência, chegou a ser preso duas vezes antes de firmar um acordo de colaboração. Já o general da reserva Mario Fernandes está preso preventivamente desde novembro do ano passado. Ele admitiu ter elaborado um documento conhecido como Punhal Verde e Amarelo, mas afirma que o material nunca foi encaminhado ou apresentado a terceiros.
Com as novas detenções, aumenta o número de militares de alta patente sob custódia desde o início da apuração. A expectativa é de que o Alto Comando das Forças Armadas acompanhe atentamente as repercussões internas, embora os comandos da ativa tenham reiterado publicamente que respeitam e cumprem as decisões judiciais sem manifestação institucional de contestação.
Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, já havia sido condenado a 19 anos no mesmo julgamento que analisou a conduta de outras autoridades. Durante a análise do Supremo Tribunal Federal, foi registrada sua participação em reuniões no Palácio do Planalto em que se discutiram cenários e alternativas institucionais após o resultado das eleições.
Paulo Sérgio Nogueira, que assumiu o Ministério da Defesa, recebeu pena de 19 anos. A Corte entendeu que documentos e análises elaborados sob sua gestão deram respaldo oficial a questionamentos sobre o sistema eleitoral, mesmo após auditorias independentes reafirmarem sua regularidade. Para os ministros, essa movimentação acabou fortalecendo dúvidas que circularam entre parte dos apoiadores do então governo.
No último dia 18, oito militares ligados ao chamado núcleo três também foram condenados, entre eles integrantes das Forças Especiais. Alguns deles estão presos preventivamente desde o ano passado. As acusações incluem planejamento de ações paralelas e a tentativa de exercer pressão interna para que as Forças Armadas aderissem a caminhos institucionais alternativos ao resultado das urnas.
Segundo o ministro Alexandre de Moraes, algumas das iniciativas atribuídas ao grupo não avançaram devido à recusa de comandos militares à época. Ainda não há previsão de quando os condenados desse núcleo deverão iniciar o cumprimento de suas penas. O general da reserva Estevam Theophilo foi absolvido no mesmo julgamento.
