
Gleisi Hoffmann
A ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, afirmou nesta quinta-feira (17) que o pronunciamento feito por Luiz Inácio Lula da Silva em resposta à medida tarifária anunciada pelo ex-presidente norte-americano Donald Trump foi a “resposta que o Brasil esperava”.
“O presidente Lula chamou as sanções anunciadas por Trump pelo que realmente são: ameaça às instituições do Brasil e um atentado à soberania da pátria”, escreveu Gleisi na rede social X (antigo Twitter).
Ela destacou ainda que o presidente demonstrou indignação com “políticos brasileiros que se comportam como traidores da pátria” e reafirmou sua defesa da economia nacional. “Lula falou com a autoridade de quem tem compromisso com o Brasil e com o apoio da sociedade na defesa do país”, disse.
Durante o discurso, o presidente reforçou que o Pix é uma criação brasileira e declarou: “O Brasil tem um único dono: o povo brasileiro”.
Contexto da crise comercial
No último dia 9, o governo Trump enviou uma carta oficial ao presidente Lula, informando a intenção de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos exportados do Brasil aos Estados Unidos. A justificativa citada envolve, entre outros pontos, o processo judicial no Supremo Tribunal Federal contra Jair Bolsonaro, investigado por tentativa de golpe e organização criminosa.
A decisão provocou uma reação imediata do governo brasileiro, que iniciou conversas para formular medidas de retaliação e mobilizou a diplomacia em defesa dos interesses econômicos nacionais.
Além do comércio: a disputa geopolítica com os BRICS
Analistas apontam que a ação norte-americana está ligada a um cenário mais amplo de reposicionamento global. O crescimento da influência dos BRICS — bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — tem desafiado a hegemonia ocidental, especialmente em áreas como:
- Sistema financeiro internacional, com alternativas ao dólar;
- Controle de recursos estratégicos, como terras raras e petróleo;
- Presença no comércio global, com 39% do PIB mundial em PPC e quase um quarto do comércio internacional.
Com isso, o Brasil é visto como peça-chave nesse novo tabuleiro econômico e geopolítico, o que pode explicar o endurecimento da retórica do ex-presidente norte-americano.