
A Polícia Civil de São Paulo emitiu um alerta sobre um novo foco de extorsão digital que tem como alvo meninos adolescentes. Nos últimos quinze dias, pelo menos três garotos, entre 12 e 13 anos, foram vítimas de um golpe que, até pouco tempo, atingia majoritariamente meninas.
De acordo com as investigações, o crime começa em plataformas de jogos, onde os jovens conhecem supostas meninas. As conversas migram para o aplicativo Telegram, e lá os adolescentes são induzidos a enviar fotos íntimas. Em seguida, passam a ser chantageados com a ameaça de que as imagens serão divulgadas.
A delegada Lisandréa Salvariego, responsável pelo Núcleo de Observação e Análise Digital (Noad), destacou que a mudança no perfil das vítimas acendeu um alerta dentro do setor especializado. “Eles trocaram fotos íntimas com supostas meninas e, nessas fotos e vídeos, mostram inocentemente o rosto”, afirmou.
Em um dos casos registrados no 16º Distrito Policial (Vila Clementino), a vítima chegou a transferir cerca de R$ 2 mil aos criminosos. O golpe foi descoberto após os pais perceberem movimentações financeiras suspeitas e confrontarem o filho.
Segundo relato de uma das vítimas, o golpe segue um roteiro: o garoto é abordado por uma “menina” em um aplicativo de jogos, a conversa se torna íntima, e ela envia um vídeo insinuando conteúdo sexual, sem mostrar o rosto. Depois, pede uma foto íntima do jovem. Assim que ele envia, recebe prints das imagens e dados pessoais, como CPF e informações da mãe, extraídos de perfis em redes sociais. Os criminosos, então, exigem dinheiro em troca do silêncio.
A delegada informou que os suspeitos já foram identificados e que a polícia trabalha para pedir a prisão deles.
Criado em novembro de 2024, o Noad tem intensificado o combate a crimes digitais. O núcleo monitora plataformas como Discord e Telegram 24 horas por dia e já é responsável pela apreensão de ao menos 25 adolescentes e prisão de 17 pessoas envolvidas em atividades criminosas nas redes.
Atualmente, o Noad acompanha 742 alvos de forma contínua e já identificou 162 vítimas. Diante do crescimento dos casos, o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, estuda transformar o núcleo em uma delegacia especializada, reforçando o enfrentamento à violência digital.