O governo do Rio de Janeiro entregou à administração de Donald Trump um relatório confidencial sobre as operações do Comando Vermelho nos Estados Unidos. O documento, produzido pela Inteligência da Secretaria de Segurança Pública do estado e repassado ao Consulado americano há cerca de oito meses, traz detalhes sobre a presença e as atividades da facção criminosa em território norte-americano.
Segundo fontes próximas ao governador Cláudio Castro, o relatório sustenta a tese de que o Comando Vermelho deve ser reconhecido como uma organização terrorista. O texto descreve como o grupo expandiu sua influência para fora do Brasil, operando em redes internacionais de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, com ramificações que chegam à América do Norte.
A iniciativa do governo fluminense busca ampliar a cooperação com os Estados Unidos no combate ao crime organizado, pressionando o Departamento do Tesouro americano — por meio do Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC) — a impor sanções contra líderes da facção. Essas medidas podem incluir bloqueio de ativos e restrições financeiras a indivíduos e empresas ligadas ao Comando Vermelho.
A proposta está alinhada à política de segurança da administração Trump, que defende a classificação de cartéis e grupos ligados ao narcotráfico como Organizações Terroristas Estrangeiras. Essa designação permite sanções mais duras e o isolamento internacional de seus integrantes.
No entanto, a posição do governo estadual diverge da adotada pelo governo federal. A gestão Lula reconhece o Comando Vermelho e o PCC como organizações criminosas, mas não terroristas. O Ministério da Justiça argumenta que, diferentemente de grupos extremistas, essas facções não têm motivações ideológicas ou religiosas, atuando exclusivamente por interesses econômicos.
Em declaração recente, o ministro Ricardo Lewandowski reforçou que “a classificação de um grupo como terrorista envolve subjetividade” e que a legislação brasileira define terrorismo como ações motivadas por ideologias ou ódio político e religioso. “Organizações criminosas são de outra natureza”, afirmou.
Após a escalada de violência no Rio nos últimos dias, o debate voltou ao centro das discussões sobre segurança pública. Para setores do governo fluminense, as ações da facção ultrapassaram o limite do crime comum — e passaram a se enquadrar, sim, na lógica do terror.
