
Um jovem de 23 anos identificado como Danilo Dias, conhecido como “Ganso”, foi apontado pela Polícia Civil como o cérebro por trás de uma sofisticada rede de crimes cibernéticos desmantelada nesta terça-feira (21), durante a Operação Código Seguro. Autodidata em tecnologia, Ganso criou um robô capaz de invadir o sistema da Polícia Civil de Mato Grosso e obter dados sigilosos usados em fraudes milionárias.
Morador de São Paulo e com apenas o ensino fundamental completo, o criminoso aprendeu sobre tecnologia por conta própria, assistindo a tutoriais na internet. Com esse conhecimento, ele desenvolveu um programa que, utilizando logins e senhas de servidores públicos, acessava ilegalmente sistemas internos da polícia e do Detran. A partir daí, o grupo fraudava dados de chassis de veículos furtados e roubados, reemitiam documentos falsos e revendiam os carros “esquentados”.
Segundo as investigações, o grupo movimentou cerca de R$ 6 milhões com as fraudes. O esquema foi descoberto em 2023, quando o setor de tecnologia da Polícia Civil detectou acessos anormais — milhares de consultas em um único dia — realizadas a partir de um mesmo usuário.
“O próprio sistema identificou a atividade suspeita e bloqueou o acesso, o que deu início à investigação”, explicou o delegado Gustavo Godoy Alevado, responsável pela apuração. Ele destacou que não houve falha de segurança no sistema da Polícia Civil, mas sim uso indevido de credenciais sigilosas por servidores.
Durante a primeira fase da operação, deflagrada em julho de 2024, Ganso foi alvo de busca e apreensão e confessou o crime. Ele admitiu ter sido contratado por um comparsa de São Paulo para desenvolver o site fraudulento. A segunda fase, em novembro, permitiu identificar o contratante e expandir a investigação, que revelou um esquema nacional de lavagem de dinheiro, fraudes bancárias e estelionatos digitais.
Atualmente, Ganso está preso no Paraná, onde já havia sido detido por uso de cartões falsos em uma boate. Mesmo assim, foi novamente alvo de mandado de prisão preventiva.
A Operação Código Seguro foi coordenada pela Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Informáticos (DRCI), sob determinação do Núcleo de Justiça do Juiz de Garantias de Cuiabá. Foram expedidas 48 ordens judiciais, entre elas sete mandados de prisão, 15 de busca e apreensão, além do bloqueio de R$ 5,9 milhões em bens e contas bancárias.
As ações ocorreram simultaneamente em 10 estados brasileiros, incluindo São Paulo, Paraná, Ceará, Maranhão, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Bahia, Amazonas e Minas Gerais.
Segundo a Polícia Civil, a operação continua em andamento para identificar outros envolvidos no esquema.