
O Tribunal de Justiça de Mato Grosso autorizou, nesta sexta-feira (20), a desinternação de Lumar Costa da Silva, atualmente com 31 anos, acusado de assassinar brutalmente a tia, Maria Zélia da Silva Cosmo, 55 anos, em julho de 2019, em Sorriso. O crime chocou o país pelo grau de crueldade: após esfaquear a vítima, Lumar arrancou o coração dela e entregou à filha da vítima dentro de uma sacola plástica.
Desde então, Lumar estava internado no Hospital Psiquiátrico Estadual Adauto Botelho, em Cuiabá. Agora, por decisão judicial, ele deverá residir com o pai, Dr. Gilmar Costa da Silva, no município de Campinápolis (SP), onde continuará o tratamento em regime ambulatorial intensivo, sob supervisão do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS).
📋 Avaliações clínicas embasaram a soltura
Apesar de a perícia indicar que Lumar sofre de transtorno mental crônico, persistente e incurável, a Justiça entendeu que o paciente apresenta estabilidade clínica, com juízo crítico preservado, fazendo uso de medicamentos e com quadro favorável à transição para cuidados fora do ambiente hospitalar.
O laudo mais recente, de maio de 2025, recomendou a continuação do tratamento em Campinápolis, cidade onde Lumar terá referência familiar e ambiente controlado. A decisão também impõe regras: ele não poderá frequentar bares, casas de prostituição, boca de fumo ou consumir drogas e bebidas alcoólicas.
⚖️ Medida de segurança segue por mais um ano
Mesmo desinternado, Lumar seguirá em regime de medida de segurança por pelo menos mais um ano. Ao fim desse período, uma nova perícia de cessação de periculosidade será realizada, para avaliar se ele pode continuar em liberdade assistida ou se será novamente internado.
“Embora persista o diagnóstico psiquiátrico de transtorno mental crônico (…), a condição clínica atual do paciente permite o seu manejo fora do hospital psiquiátrico”, destacou o juiz Geraldo Fernandes Fidelis Neto, na decisão.
📌 O crime que abalou Mato Grosso
Em 2 de julho de 2019, Lumar atacou a tia Maria Zélia a golpes de faca dentro da residência dela, em Sorriso. Após matá-la, retirou o coração da vítima e entregou à prima (filha da vítima), acreditando, segundo ele, estar “cumprindo uma missão espiritual”.
Inicialmente, a prima achou que fosse uma brincadeira, mas, ao constatar a veracidade do ato, ficou em estado de choque. Em seguida, Lumar fugiu com o carro da prima e tentou sequestrar a filha dela, uma menina de 7 anos. Ele ainda colidiu o veículo em uma subestação de energia, numa tentativa de provocar um incêndio.
Durante o processo, o laudo psiquiátrico apontou que Lumar sofreu um surto psicótico, relacionado ao uso de drogas e ao seu transtorno mental. Foi então determinada sua internação compulsória.
🧠 A polêmica da desinternação
O caso reabre o debate sobre segurança pública, saúde mental e limites da reinserção social de pessoas com transtornos mentais que cometeram crimes de extrema gravidade. A decisão de desinternar Lumar Costa ocorre mesmo sem o reconhecimento formal da cessação de sua periculosidade — o que causou preocupação entre parte da sociedade.
Agora, cabe à rede de saúde e ao Judiciário acompanhar de perto sua evolução clínica e garantir que as medidas de segurança sejam rigorosamente cumpridas.