
Arma Nery
A Polícia Civil de Mato Grosso concluiu, na quarta-feira (30), o inquérito que apura o suposto confronto entre criminosos e a Polícia Militar, ocorrido sete dias após o assassinato do advogado Renato Nery. A investigação revelou que uma das armas apresentadas na ocorrência — e supostamente usada pelos suspeitos — foi a mesma utilizada para matar o advogado, o que levantou suspeitas sobre a versão oficial dos policiais.
De acordo com a Delegacia Especializada de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), que também conduz paralelamente o inquérito sobre o homicídio de Nery, os policiais envolvidos na ocorrência alteraram a cena do crime. Perícias e outras provas comprovaram que as armas apresentadas como pertencentes aos criminosos foram, na verdade, inseridas posteriormente no local da ação.

A versão inicial da PM era de que os suspeitos haviam reagido com tiros durante a abordagem, o que motivou os disparos dos agentes. No entanto, os laudos periciais mostraram que as vítimas não utilizaram armas de fogo no momento do suposto confronto. Um dos suspeitos morreu no local e outro foi alvejado.
Diante dos fatos apurados, os quatro policiais militares envolvidos foram indiciados pelos seguintes crimes:
- Homicídio qualificado, com a intenção de assegurar a impunidade do crime anterior (referente à morte de um dos suspeitos);
- Tentativa de homicídio (referente aos outros dois alvos da ação, um deles baleado);
- Porte ilegal de arma de fogo (considerando que as armas foram transportadas e apresentadas de forma irregular);
- Fraude processual (pela adulteração da cena do crime).
Os policiais foram interrogados mais de uma vez durante o inquérito, mas optaram por permanecer em silêncio ao serem questionados sobre a ligação da arma com o assassinato de Renato Nery. Todos continuam presos preventivamente e os autos já foram encaminhados ao Ministério Público Estadual, que deve analisar a denúncia.
A Polícia Civil informou ainda que o inquérito específico sobre o assassinato de Renato Nery segue em andamento.