Irã acusa EUA de “explodir a diplomacia” após ataques a instalações nucleares: “consequências eternas”

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, acusou neste domingo (22) os Estados Unidos e Israel de terem “decidido lançar pelos ares a diplomacia”, após recentes ataques contra instalações nucleares iranianas. A declaração marca mais um capítulo na escalada de tensão entre Teerã, Washington e Tel Aviv.

Por meio de uma publicação na rede social X (antigo Twitter), Araqchi afirmou que Israel “bombardeou” as negociações em curso entre o Irã e os Estados Unidos. Segundo o chanceler iraniano, a ação israelense teve início com a ofensiva militar lançada em 13 de junho.

Além de criticar Israel, Araqchi também responsabilizou os Estados Unidos por adotar uma postura semelhante. Ele afirmou que os ataques norte-americanos, realizados neste domingo (22), ocorreram logo após uma série de reuniões diplomáticas que manteve com chanceleres europeus em Genebra, na última sexta-feira (20). O encontro, que durou cerca de quatro horas, tinha como objetivo justamente buscar caminhos para a retomada do diálogo sobre o programa nuclear iraniano.

As ações militares recentes agravam ainda mais o clima de instabilidade na região e colocam em risco os esforços internacionais para evitar uma nova crise nuclear no Oriente Médio. Até o momento, nem o governo norte-americano nem as autoridades israelenses se pronunciaram oficialmente sobre as acusações feitas por Teerã.

Veja a declaração na íntegra:

“Os Estados Unidos, membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, cometeram uma grave violação da Carta da ONU, do direito internacional e do TNP ao atacar as instalações nucleares pacíficas do Irã.

Os eventos desta manhã são ultrajantes e terão consequências eternas. Todos os membros da ONU devem estar alarmados com esse comportamento extremamente perigoso, ilegal e criminoso.

De acordo com a Carta da ONU e suas disposições que permitem uma resposta legítima em legítima defesa, o Irã reserva todas as opções para defender sua soberania, seus interesses e seu povo.

Na semana passada, estávamos em negociações com os EUA quando Israel decidiu destruir essa diplomacia.

Esta semana, conversamos com o E3/UE quando os EUA decidiram destruir essa diplomacia.

Que conclusão você tiraria?

Para o Reino Unido e o Alto Representante da UE, é o Irã que deve “retornar” à mesa de negociações. Mas como o Irã pode retornar a algo que nunca abandonou, muito menos destruiu?”