
O vereador Sargento Joelson (PSB) é apontado como líder de um suposto esquema de corrupção que envolvia o uso de contas bancárias de terceiros para esconder o recebimento de propina da empresa HB20 Construções. A prática teria como objetivo garantir a aprovação de projetos de interesse da construtora na Câmara de Cuiabá. A informação consta na decisão judicial que autorizou a Operação Perfídia, deflagrada recentemente.
Segundo a juíza Ederli Coutinho, do Núcleo de Inquéritos Policiais (Nipo), Joelson articulava diretamente com representantes da empresa e teria recebido R$ 250 mil em vantagens indevidas. Ele e o ex-presidente da Câmara, Chico 2000 (PL), também alvo da operação, foram afastados dos cargos por tempo indeterminado. Ambos tiveram celulares apreendidos e todos os bens bloqueados.
As investigações revelam que os parlamentares se aproveitaram dos cargos e da estrutura do Legislativo para coordenar, por meio de aplicativos de mensagens, a solicitação e o recebimento da propina, segundo consta na decisão.
Um dos métodos usados para mascarar os repasses foi a movimentação financeira por meio de contas bancárias de terceiros. Entre elas, a de José Márcio da Silva Cunha. A decisão também menciona que João Jorge Souza Catalan Mesquita sofreu pressão para efetuar os pagamentos logo após a aprovação das matérias legislativas de interesse da construtora.
“O uso de meios eletrônicos, como aplicativos de mensagens e transferências bancárias indiretas, demonstra um esquema articulado que buscava não apenas praticar o crime, mas também dificultar a rastreabilidade dos valores”, pontua o documento.
A operação é conduzida pela Delegacia de Combate à Corrupção (Deccor) e teve início em 2024, a partir de uma denúncia feita pelo então deputado federal e atual prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL).
A polícia agora investiga a possível participação de outros vereadores no esquema. Em nota, a HB20 Construções negou qualquer envolvimento nos atos investigados e afirmou que, caso haja irregularidades, estas teriam sido praticadas de forma individual por um ex-funcionário.