
Uma tragédia brutal abalou a cidade de Borujerd, no Irã, nesta semana. Fatemeh Soltani, de apenas 18 anos, foi assassinada a facadas pelo próprio pai, após expor que ele traía sua mãe. O crime, cometido em plena luz do dia e diante de testemunhas, reacendeu debates sobre a violência contra mulheres no país e a falta de proteção legal para vítimas.
Como o crime aconteceu
Segundo relatos de familiares e imagens de câmeras de segurança, Fatemeh trabalhava em um salão de beleza e escondia a localização do emprego temendo represálias do pai, conhecido por episódios anteriores de violência doméstica. No entanto, ele descobriu o endereço e agendou um horário, fingindo ser um cliente comum.
Ao reconhecê-lo no local, Fatemeh tentou buscar orientação da mãe por telefone, mas não teve tempo de reagir. Testemunhas registraram o momento em que o homem saiu de um carro, derrubou a filha no chão e a golpeou repetidas vezes com uma faca, na frente de clientes e transeuntes.
A ativista de direitos das mulheres Pardis Rabiei relatou que o agressor ainda tentou decapitá-la, segurando-a pelos cabelos, e só interrompeu o ataque após a intervenção desesperada de um pedestre. Depois do crime, o homem ligou para a esposa e declarou: “Deixei você com essa tristeza.”
Histórico de violência e busca por liberdade
De acordo com uma amiga da família, Fatemeh havia deixado a casa dos pais há algum tempo devido às agressões que sofria e estava conquistando sua independência financeira. O sonho de viver de forma autônoma, porém, foi interrompido de maneira brutal.
Repercussão e críticas ao regime
O assassinato provocou indignação de organizações de direitos humanos e ativistas. O Comitê das Mulheres do Conselho Nacional de Resistência do Irã publicou uma nota condenando o crime e responsabilizando o regime clerical pela impunidade e pelo descaso com a violência de gênero:
“A raiz dessa tragédia está em um regime misógino que, em mais de 46 anos, não aprovou sequer um projeto de lei para prevenir a violência contra as mulheres em seu Parlamento.”
O caso de Fatemeh Soltani expõe, mais uma vez, o grave cenário de opressão e violência que muitas mulheres enfrentam no Irã, e reacende o apelo internacional por proteção e direitos iguais.