
O juiz Jean Garcia de Freitas Bezerra, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, determinou o afastamento cautelar do cargo e a suspensão do porte de arma do soldado da Polícia Militar Junio Alves Ferreira. A decisão foi publicada nesta quinta-feira, 12 de junho, e integra as medidas decorrentes da Operação Asteya, deflagrada pela Polícia Civil em junho de 2024 para combater um esquema de grilagem de terras em Mato Grosso.
O magistrado também recebeu a denúncia contra Junio Alves Ferreira, Cleomar Dias Souza, Gilmar Cruz da Silva, Clailton Antonio Alves, Cleberson Rodrigues Brito e Adenilson da Silva Melo pelo crime de organização criminosa. Além disso, Junio, Cleomar e Clailton também foram denunciados por lavagem de dinheiro. Clailton e Adenilson respondem ainda por comércio ilegal de armas de fogo.
No processo, a Autoridade Policial solicitou o afastamento do policial militar e a suspensão de seu porte de arma, argumentando que sua permanência na corporação poderia comprometer o andamento das investigações.
O juiz justificou a medida com base em indícios de que Junio teria se valido da função pública para praticar crimes como lavagem de dinheiro, comércio ilegal de armas, tráfico de drogas, garimpo ilegal e grilagem de terras.
“Desta forma, tendo em vista o suposto envolvimento direto do policial militar com a organização criminosa, mostra-se imprescindível o afastamento cautelar do cargo público e a suspensão do porte de arma de fogo, a fim de evitar a reiteração delitiva, impedir qualquer forma de coação ou prejuízo à instrução criminal e, sobretudo, para a proteção da própria corporação policial e da sociedade, que se veriam fragilizadas e sob risco caso se permitisse a atuação livre de um agente acusado de crimes tão graves ligados ao exercício do cargo”, escreveu o magistrado na decisão.
Os acusados têm prazo de 10 dias para apresentar resposta à acusação.
Sobre a operação
A Polícia Civil deflagrou a Operação Asteya no município de Confresa (1.048 km de Cuiabá), em junho de 2024. Um dos alvos é um policial militar de Porto Alegre do Norte, apontado como líder do grupo criminoso. Ele já havia sido preso em flagrante por grilagem de terras em 2023 e movimentou aproximadamente R$ 2 milhões em apenas dois anos.
A investigação revelou que outros membros da organização têm histórico de envolvimento com tráfico de drogas, homicídios e comércio ilegal de armamento. A delegacia de Confresa identificou ainda conexões do grupo com uma facção criminosa de São Paulo, o que ficou evidenciado pela atuação de um integrante vinculado diretamente à organização paulista.
Durante a operação, foram cumpridas 12 ordens judiciais, incluindo mandados de busca e apreensão, bloqueio de valores e sequestro de bens.