
A Justiça Eleitoral de Sorriso manteve o compartilhamento de provas produzidas pela Polícia Federal na Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) que pede a cassação do prefeito eleito Alei Fernandes (União) por suspeita de compra de votos e caixa 2 nas eleições municipais de 2024. A decisão, assinada pela juíza Emanuelle Chiaradia Navarro Mano e publicada nesta segunda-feira (9), rejeitou recurso da defesa do gestor, que tentava limitar o uso de informações coletadas no inquérito policial.
A defesa de Alei havia apresentado embargos de declaração, alegando que a decisão que autorizou o uso das provas apresentava omissões, especialmente em relação a um suposto empréstimo de R$ 1,2 milhão para a campanha. No entanto, a magistrada negou o pedido e ressaltou que o julgamento da AIJE deve considerar os fatos apurados durante a instrução processual, desde que estejam relacionados às acusações iniciais.
As provas foram incorporadas ao processo após pedido do Ministério Público Eleitoral, que apontou indícios de um esquema ilegal de arrecadação e distribuição de recursos na campanha de Alei. O caso envolve a atuação do agricultor Nei Francio, apontado como operador financeiro da campanha e alvo principal da Operação Rustius, deflagrada em dezembro de 2024.
Interceptações telefônicas e mensagens analisadas pela PF revelaram conversas entre Francio, familiares e aliados políticos tratando sobre doações não declaradas, triangulação de recursos e uso de “laranjas”. Segundo a investigação, Francio utilizou os filhos Alan e Ian Zibetti Francio para mascarar o envio de dinheiro à campanha, disfarçado como doações legais.
Um dos episódios mais graves ocorreu três dias antes da eleição, quando Nei Francio foi preso em flagrante com R$ 300 mil em espécie, durante abordagem da Polícia Rodoviária Federal. As investigações apontaram que o valor havia sido repassado por uma empresa de Várzea Grande e que a retirada do montante foi organizada por Atílio Rovaris, um dos coordenadores da campanha de Alei.
As conversas extraídas do celular de Francio também indicaram a existência de um caixa 2 para despesas eleitorais, com valores arrecadados de forma clandestina e sem registro na Justiça Eleitoral. Diálogos mostram ainda a tentativa de disfarçar pagamentos ilegais a fornecedores e pesquisas eleitorais.
Com a decisão desta segunda, todas as provas produzidas no inquérito da PF permanecem válidas na AIJE, movida pelo ex-candidato a prefeito Leandro Damiani. O Ministério Público Eleitoral pede a cassação do diploma de Alei Fernandes e a declaração de sua inelegibilidade.
Alei foi eleito em outubro de 2024 com 25.255 votos (51,33% dos válidos), com apoio do atual prefeito Ari Lafin (PSDB) e do governador Mauro Mendes (União).
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