
A juíza Alethea Assunção Santos, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, negou o pedido de revogação da prisão preventiva de Odair José Prins, acusado de atuar como “olheiro ou sentinela” de Paulo Witer Farias Paelo, conhecido como “WT”, um dos principais líderes do Comando Vermelho em Mato Grosso. Odair foi alvo da Operação Apito Final, deflagrada em abril de 2024 pela Polícia Civil, e é investigado por organização criminosa e lavagem de dinheiro. A decisão foi publicada no Diário da Justiça Eletrônico neste domingo (21).
Segundo a denúncia do Ministério Público do Estado de Mato Grosso (MPMT), cabia a Odair alertar WT sobre movimentações policiais. Ele também teria participado da compra de um imóvel em Itapema (SC) e realizado viagens com outros investigados, como uma estadia no Rio de Janeiro, de onde teria saído às pressas ao notar a presença de autoridades.
Ao analisar o pedido de revogação, a juíza destacou a gravidade das condutas atribuídas ao réu e afirmou que a instrução processual não apresentou elementos novos que justificassem sua soltura. Para a magistrada, não há medidas cautelares alternativas capazes de garantir a ordem pública e o bom andamento do processo.
Consta ainda nos autos que Odair teria movimentado valores suspeitos por meio de transações bancárias fracionadas e transferências de pessoas ligadas ao tráfico de drogas em Cuiabá, o que indicaria tentativa de ocultar a origem ilícita dos recursos. Além disso, o réu possui antecedentes criminais em Goiás e no Pará por crimes como furto qualificado, associação criminosa e homicídio culposo no trânsito.
Diante desses fatores, a Justiça manteve a prisão preventiva e determinou a associação do processo à ação penal principal já em andamento.
Esquema milionário
A Operação Apito Final foi deflagrada em 2 de abril deste ano com cumprimento de mandados judiciais em Cuiabá, Chapada dos Guimarães, São José dos Quatro Marcos (MT) e Maceió (AL). As investigações, conduzidas pela Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), revelaram um esquema estruturado de lavagem de dinheiro, em que Paulo Witer utilizava familiares, amigos e até advogados como laranjas para ocultar bens.
Segundo a apuração, o grupo criminoso movimentou mais de R$ 65 milhões, investindo em times de futebol amador, supermercados e no comércio de veículos, como estratégia para dar aparência lícita ao dinheiro obtido com o tráfico de drogas.