
A Justiça de Mato Grosso acolheu denúncia do Ministério Público Estadual (MPE) e tornou réus 18 pessoas investigadas na Operação Datar, deflagrada pela Delegacia Especializada de Repressão a Entorpecentes (Denarc). Entre os denunciados estão o DJ Diego de Lima Datto, o ex-servidor da Assembleia Legislativa Vinicius Curvo Nunes e o empresário Rafael Geon de Souza — conhecido como “cobrador do chicote” — pelos crimes de associação criminosa e lavagem de dinheiro.
A decisão é do juiz Jean Garcia de Freitas Bezerra, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, e foi publicada nesta sexta-feira (10). Segundo a investigação, o grupo teria movimentado cerca de R$ 185 milhões em recursos provenientes do tráfico de drogas no Estado.
Também se tornaram réus Patrike Noro de Castro, Jackson Luiz Caye, Marco Antonio Santana, Clovis Leite Junior, Vânia Marilda de Lima Datto, Lucas Goudinho e Gonçalves, Thiago Massashi Sawamura, José Guilherme Datto, Thiago Inoue, Robson Luiz de Siqueira Couto, Celso Dourado de França, Enzo Gonçalves Bonfim da Costa, Mirelle Havana Zago, Mauro José Zago Junior e Elizabete Maria Noro.
Processo desmembrado
Devido ao número de acusados e à diversidade dos crimes, o juiz determinou o desmembramento do processo.
“Determino o desmembramento dos autos, permanecendo neste feito os seguintes acusados: Diego de Lima Datto, Patrike Noro de Castro, Jackson Luiz Caye e Marco Antonio Santana. Assim, deverão ser formados novos autos com relação aos réus remanescentes”, escreveu o magistrado.
Operação Datar
Deflagrada em 14 de agosto, a Operação Datar teve como principal alvo o DJ Diego Datto, já investigado em outro inquérito da Denarc. Ao todo, foram cumpridos 67 mandados judiciais, incluindo sete prisões preventivas, 11 medidas cautelares, 14 buscas e apreensões, 19 bloqueios de contas bancárias e o sequestro de 16 veículos.
Os mandados foram cumpridos em Cuiabá, Primavera do Leste, São Paulo e Mato Grosso do Sul.
As investigações apontam que o grupo operava um esquema de lavagem de dinheiro com movimentações milionárias sem registro legal. Parte dos valores era fracionada e circulava entre contas de pessoas físicas e jurídicas, com o objetivo de ocultar a origem ilícita dos recursos.
O “cobrador do chicote”
Um dos réus, o empresário Rafael Geon de Souza, ficou conhecido em 2023 após ser preso por participação em um caso de agressão que repercutiu nacionalmente. Ele foi apontado como um dos mandantes de um grupo que espancou um devedor com chicotes, em plena luz do dia, na Avenida Miguel Sutil, em Cuiabá. O episódio foi filmado e divulgado nas redes sociais.
Rafael foi solto no dia seguinte, em audiência de custódia, após o juiz João Bosco da Silva considerar o fato de ele ser pai de uma criança autista e sua esposa estar grávida à época.
