
O assassinato de Ruy Ferraz Fontes, ex-delegado-geral de São Paulo, ocorrido nesta segunda-feira (15), reacende um alerta antigo das autoridades sobre as ameaças da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Há seis anos, a cúpula da organização, sob liderança de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, havia determinado a morte do policial como forma de retaliação às investigações que atingiram diretamente seus líderes.
De acordo com documentos obtidos pelo Ministério Público de São Paulo, a ordem de execução constava em uma carta apreendida apenas em 2023. No material, a cúpula do PCC listava Fontes como alvo prioritário, ao lado de outros investigadores que atuaram no combate ao crime organizado.
A correspondência detalhava que a motivação do atentado estava relacionada à transferência de líderes da facção para presídios federais. A medida, que reduziu o poder de articulação do grupo dentro do sistema prisional estadual, provocou uma onda de represálias contra autoridades de segurança.
Na denúncia apresentada à Justiça, a promotora Silvia Vieira Marques destacou que Ruy Ferraz Fontes tornou-se um dos principais inimigos do PCC ao indiciar chefes da facção no início dos anos 2000, sob acusação de formação de quadrilha. A investigação também apontou os agentes designados para executar o atentado, reforçando a gravidade e a premeditação da ameaça que, anos depois, se concretizou em sua morte.
Leia a carta na íntegra:
“Viemos através desse salva passar direção referente os trampos que foram passados a nossos irmãos do quadro disciplinar e ainda não foram concluídos.
Em primeiro lugar, deixar claro que todas as missões que foram passadas para nossos irmãos são de interesse da família e não de interesse individual.
A sintonia geral vem cobrando o resultado dos trampos passados para nossos irmãos da zona leste e ABC contra os vermes que vem prejudicando o andamento dos trabalhos da família.
Irmãos responsáveis: Lixo, Morto, Pita e Tito. Missão: Wagnão da DISE (Divisão de Investigações Sobre Entorpecentes) de São Bernardo do Campo.
Disciplina Cidade Tiradentes Irmãos responsáveis: Koringa, Mimo, Barata, Terere, Corintiano. Missão: delegado Ruy Ferraz Fontes.
Apoio dos 14 Irmãos responsáveis: Oreia de Guaianazes, Jagunço Favoy, Irmão R, Casinha do Bonifácio. Missão: Investigador Saudo do prédio.
Em cima dessa caminhada, a sintonia deixa ciente que se não foi concluída cada missão, a cobrança com nossos irmãos será à altura, pagando com a própria vida.
Deixando claro que os interesses do comando estão à frente de qualquer outro.
Está determinado, que seja feito de bate pronto esses trampos.
Um forte abraço a todos.
Seguiremos incansavelmente.
Sintonia Geral.”
Com inf. Bacci Notícias