
Imagem de Leonardo sendo utilizada pelo Frigorífico Goiás para vender kits de churrasco no site da empresa
O cantor sertanejo Leonardo entrou com uma ação judicial contra o Frigorífico Goiás, empresa sediada em Goiânia (GO), acusando o uso indevido de sua imagem em materiais publicitários. A ação, protocolada no Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO), pede uma indenização de R$ 600 mil por danos morais e uso não autorizado da imagem do artista.
De acordo com os autos, Leonardo e a empresa Talismã, da qual ele é proprietário e que detém os direitos sobre sua imagem, alegam que o frigorífico vem utilizando, sem qualquer autorização, uma foto do cantor segurando uma caixa de carnes da marca. A imagem, registrada em 2020, foi publicada inicialmente por Leonardo em suas redes sociais como forma de agradecimento após receber o presente da empresa. Na ocasião, o frigorífico republicou a postagem, o que não gerou controvérsia naquele momento.
No entanto, segundo ata notarial registrada em cartório no dia 28 de fevereiro deste ano, a mesma imagem continua sendo utilizada pela empresa em publicações nas redes sociais e em seu site oficial, promovendo kits de churrasco com associação direta ao cantor — o que, segundo a defesa, caracteriza uma exploração comercial indevida da imagem do artista.
A equipe jurídica de Leonardo relata que tentou resolver a situação extrajudicialmente, com denúncias ao Instagram da empresa e contatos por telefone e mensagens solicitando a retirada das publicações. “Vocês devem retirar, imediatamente, toda e qualquer postagem ou material publicitário envolvendo o nome, imagem e/ou som de voz do artista”, afirmou o advogado do cantor em uma das comunicações.
Sem retorno por parte da empresa, a defesa do artista ingressou com ação cível no dia 11 de março, com pedido de tutela de urgência. Os advogados requerem que, assim que notificada, a empresa seja obrigada a retirar todas as publicações que contenham a imagem do cantor em um prazo de até 24 horas, sob pena de sanções legais.
“Absurdo, Excelência, uma empresa de tão alta reputação locupletar-se às custas da boa fama e renome que o artista Leonardo construiu ao longo de sua vida profissional. Circunstâncias com as quais não podemos concordar, e o Judiciário deve rechaçar”, afirma um trecho da petição.
Frigorífico envolvido em outras polêmicas
Essa não é a primeira vez que o Frigorífico Goiás se envolve em polêmicas. Em 2022, a empresa ganhou repercussão nacional ao promover a “Picanha do Mito”, uma campanha de apoio ao então candidato Jair Bolsonaro (PL), no dia das eleições. Na ocasião, peças de picanha foram vendidas a R$ 22, fazendo alusão ao número de urna do ex-presidente.
O evento gerou tumulto em frente ao estabelecimento, em Goiânia, resultando na morte de uma mulher que passou mal durante a aglomeração. Posteriormente, a Justiça determinou a suspensão da promoção, sob pena de multa de R$ 10 mil por hora, entendendo que houve uso abusivo do poder econômico em prejuízo da lisura do processo eleitoral.
Além disso, ações do Procon encontraram produtos vencidos e carnes sem data de validade nas dependências da empresa, que foi autuada.
Apesar das controvérsias, o frigorífico segue utilizando imagens de figuras políticas de direita, como Bolsonaro, Donald Trump (EUA) e Javier Milei (Argentina), em seus produtos. A “picanha do Bolsonaro” continua sendo comercializada, com a imagem do ex-presidente estampada nas embalagens.
O Frigorífico Goiás não se manifestou oficialmente sobre o processo movido por Leonardo. O espaço segue aberto para posicionamento.