
Alessandra Moja Cunha, presidente da Associação da Comunidade do Moinho, foi presa nesta segunda-feira durante a Operação Sharpe, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) em conjunto com o Ministério Público de São Paulo, Polícia Civil e Polícia Militar.
Acusações
De acordo com as investigações, Alessandra é irmã de Leonardo “Léo do Moinho” Moja, apontado como um dos líderes do PCC na região central da capital paulista. Ela é suspeita de extorquir moradores da Favela do Moinho, cobrando quantias de até R$ 100 mil para liberar famílias interessadas em participar de programas de habitação como o Minha Casa Minha Vida e projetos da CDHU. O dinheiro arrecadado, segundo o MP, também seria utilizado para lavar recursos do tráfico de drogas por meio de empresas de sucata.
Na mesma operação, a filha de Alessandra, Yasmin Moja Cunha, também foi presa.
O episódio com Lula
O caso ganhou repercussão nacional após virem à tona imagens de um evento realizado em 26 de junho deste ano, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve na Favela do Moinho para anunciar um programa de moradia que beneficiaria cerca de 900 famílias. Na ocasião, Alessandra e Yasmin subiram ao palco ao lado de Lula e foram apresentadas como lideranças da comunidade.
A Secretaria de Comunicação da Presidência afirmou que o contato oficial foi mediado por outra representante comunitária e que o evento teve caráter institucional, voltado à apresentação de políticas públicas.
Defesa e antecedentes
A Defensoria Pública de São Paulo contestou as acusações do Ministério Público, afirmando que a associação liderada por Alessandra não tinha vínculo com organizações criminosas e que o uso do endereço para registro era apenas uma formalidade diante da falta de regularização fundiária.
Alessandra já havia sido condenada anteriormente por participação em um homicídio em 2005, cumprindo pena em regime semiaberto entre 2018 e 2019.
Repercussão
A prisão da líder comunitária, somada ao fato de ela ter dividido o palco com o presidente da República em um evento recente, levantou debates sobre a infiltração de organizações criminosas em movimentos sociais e sobre a necessidade de maior rigor na seleção de interlocutores durante agendas oficiais do governo.